Processo licitatório é para interligar as represas Jaguari e Atibainha; projeto visa aumentar a oferta de água no sistema e reforçar o abastecimento das regiões de Campinas e São Paulo
Vista da Represa do Jaguari, que integra o Sistema Cantareira, no Vale do Paraíba (AE)
Oito consórcios irão disputar, na segunda-feira, a licitação para a interligação das represas Jaguari e Atibainha, projeto que visa aumentar a oferta de água no Sistema Cantareira e reforçar o abastecimento das regiões de Campinas e São Paulo. Os recursos para a obra estão garantidos e virão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A obra terá investimento de T% 830,5 milhões, dos quais R$ 747,4 milhões virão do governo. O contrato de financiamento entre o banco e a Companhia de Saneamento Básico do Estado (Sabesp), em Brasília, em cerimônia com a participação da presidente Dilma Rousseff (PT) e o governador Geraldo Alckmin. A estimativa é de que o socorro ao Cantareira comece no início de 2017.Na fase de pré-qualificação, 14 consórcios se apresentaram na disputa que define a empresa que será contratada para elaboração dos projetos básico, executivo e obras. Pelo contrato assinado ontem, a Sabesp tem prazo de 20 anos para pagar o financiamento, incluídos os períodos de carência e amortização."Esse contrato de R$ 747 milhões vai viabilizar, junto com os recursos que o governo estadual colocará, maior segurança hídrica para o Estado de São Paulo. Não é a única [obra] que nós apoiamos. Estamos apoiando também o Sistema Produtor de água São Lourenço e, em 2012, nós também tínhamos apoiado a construção do Sistema Adutor do Alto Tietê", disse a presidente Dilma Rousseff na cerimônia." O desafio que nós enfrentamos em 2014 foi a maior seca da história. No século passado, o ano que menos choveu foi 1953 na região do Cantareira. No ano passado, em 2014, choveu a metade de 1953. E essas mudanças de pluviometria e climáticas podem ter vindo para ficar. Esta é uma obra estruturante", disse o governador. De acordo com o governador de São Paulo, com as obras, a capacidade de reservas das duas represas dobrará, passando de 1 bilhão de metros cúbicos por segundo (m3/s) para 2,1 bilhões. Na avaliação de Alckmin, a transposição diminuirá a "vulnerabilidade" dos sistemas."Com os dois reservatórios integrados, isso se torna uma via de mão dupla. São 20 quilômetros de obras, sendo 13 quilômetros de adutoras e 6 quilômetros de túneis. Esta é uma obra importante e no dia 29 vai ser a abertura da última fase, o pregão eletrônico. Se não tiver nenhum problema jurídico, partiremos, então para a assinatura do contrato. É uma obra estruturante e preparada para 2017", disse o governador.Segundo a Sabesp, a interligação entre as represas permitirá a captação de água na represa Jaguari (Bacia do Paraíba do Sul) e a transferência para a represa Atibainha (bacia do Sistema Cantareira). Com vazão média prevista de 5,1 m3/s e máxima de 8,5 m3/s, o sistema também permitirá a transferência de água no sentido contrário, da represa Atibainha para a Jaguari. A represa Jaguari de Igaratá tem capacidade para 1,2 bilhão m3/s. Sozinha ela armazena 20% mais água do que o volume útil dos quatro reservatórios do Cantareira juntos. A transferência estará pronta para funcionar em 18 meses, após assinatura de contrato, no sentido da Jaguari para a Atibainha, reforçando o Sistema Cantareira.Incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), de forma emergencial, em janeiro, a transposição irá beneficiar diretamente 39 municípios que compõem a Grande São Paulo. Beneficiará também, subsidiariamente, 20 municípios da região metropolitana de Campinas, pois o Sistema Cantareira, em condições normais, fornece uma vazão de 5 m³/s para a região.