VENDA DO BRINCO

Oferta da Magnum agrada credores do Guarani

Em audiência, empresa garante o pagamento imediato de todas as dívidas trabalhistas do clube alviverde

Carlos Rodrigues
10/06/2015 às 20:50.
Atualizado em 23/04/2022 às 11:07
A audiência no Fórum Trabalhista teve duração de mais de quatro horas (Camila Yano)

A audiência no Fórum Trabalhista teve duração de mais de quatro horas (Camila Yano)

Guarani e Magnum já estão acertados há muito tempo. E, nesta quarta-feira (10), foi a vez da empresa ganhar um outro apoio muito importante na briga pelo Estádio Brinco de Ouro. Em audiência realizada no Fórum Trabalhista, o grupo presidido por Roberto Graziano alinhou um acordo com os credores que garante o pagamento imediato de todas as dívidas trabalhistas do Guarani. A proposta foi bem aceita pelos representantes dos trabalhadores, que descartaram a oferta do grupo Zaffari, atual arrematante da área. Agora, a decisão final fica nas mãos da juíza Ana Cláudia Torres Vianna. A magistrada prometeu uma definição para o dia 19, mas tudo indica que o caminho será a anulação do leilão em primeira instância. Foram quatro horas de audiência. Representantes de todas as esferas que compõem o processo tiveram a oportunidade de dar seu parecer sobre a situação. Tanto Guarani quanto a comissão formada pelos vereadores de Campinas se colocaram a favor da proposta da Magnum. A procuradoria do município, representando o prefeito Jonas Donizette, ratificou a decisão de não abrir mão das três matrículas que pertencem ao Poder Público, mas abriram a possibilidade do diálogo. Para os credores, o ponto principal era receber os valores o quanto antes. Embora a proposta feita pelo grupo Zaffari em relação às dívidas seja maior em cifras, o fato do pagamento acontecer só após o julgamento de todos os recursos impediu a aceitação. A empresa gaúcha ainda mudou um pouco a oferta, diminuindo o número de parcelas e garantindo que tudo será pago conforme os juros e correção monetária, mas nem isso mudou a postura dos credores. A decisão da Magnum em aceitar fazer os pagamentos imediatamente, independentemente de qualquer recurso, animou os credores, mas foi preciso algumas adequações. A primeira proposta era fazer um acerto escalonado, com descontos de acordo com o que cada um teria que receber. Boa parte dos credores não aceitou, querendo o valor integral do que tem direito no processo. Depois de muitas contas e negociações, a empresa definiu uma oferta que causou consenso entre os representantes dos trabalhadores. A Magnum vai garantir pagamento total a quem tem ações de até R$ 100 mil, enquanto os que tem a receber acima desse valor serão contemplados com 90%. Com isso, cerca de R$ 60 milhões serão suficientes para arcar com todos os processos em execução. A empresa também se compromete a investir mais R$ 9 milhões para os processos em fase de conhecimento, que ainda não foram julgados e podem ser renegociados. Esse valor será descontado dos R$ 45,5 milhões que o Guarani receberá em forma de patrocínio pelo prazo de 130 meses. SEM PISTAS A juíza Ana Cláudia Torres Vianna evitou dar qualquer pista sobre a escolha de ratificar ou anular o leilão do Brinco de Ouro, mas o fato do acordo alinhado entre Magnum e credores garantir finalmente o pagamento das dívidas e ainda permitir ao Guarani uma verba mensal deve ser o ponto de desequilíbrio para a decisão em primeira instância. "A opinião dos credores foi dada e, na hora de sentar para decidir, vou levar isso em consideração. É desejo da Justiça que isso se resolva ainda esse ano", disse a magistrada. "Vai ser impossível uma decisão que possa agradar a todos, mas é desejo de muitos que se sacramente a parceria com a Magnum. Para a Justiça, seria mais simples dar como acabado o leilão e deixar essa briga em segunda instância, mas temos que olhar para o Guarani, para os credores e evitar que essa briga se arraste por anos", completou. Defensor ferrenho da negociação com a Magnum, o presidente do Guarani, Horley Senna, saiu satisfeito da audiência. "Prevaleceu o que foi decidido em Assembleia. O Guarani tem um novo rumo e daqui pra frente é trabalhar por dias melhores." Com a expectativa da decisão pela anulação do leilão, o clube começa a trabalhar pensando no aporte financeiro que receberá da Magnum. A folha salarial do elenco já deverá aumentar e a promessa é de pagamento dos funcionários, que não recebem há mais de três meses. "Havendo a decisão pela anulação, vamos poder nos fortalecer e, dentro do mês de junho, liquidar pelo menos parcialmente essa situação." ZAFFARI Mesmo sendo o arrematante do Estádio Brinco de Ouro, o Grupo Zaffari foi mero coadjuvante na audiência desta quarta. Representantes da empresa tiveram apenas a oportunidade de detalhar a proposta, mas depois foram deixados de lado por conta da negociação dos credores com a Magnum. Presente ao Tribunal, o diretor do grupo, Cláudio Luiz Zaffari, não quis gravar entrevista, mas a empresa segue confiante de que o leilão não será anulado.NOVAS PROPOSTAS Durante a audiência, surgiram duas novas propostas. O Grupo Sena apresentou uma oferta de R$ 220 milhões pelo Brinco, sendo metade para o pagamento de dívidas e os outros 50% para o Guarani. A outra oferta foi da construtora Humberto Lobo, que se dispôs a quitar todos os débitos trabalhistas e ficaria apenas com o entorno do estádio, conforme projeto já aprovado na Prefeitura. As duas propostas, no entanto, foram rechaçadas pelos representantes do clube.

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