CAMPINAS

Obras de UPA paradas há 5 anos não tem previsão para continuar

Facilidade de entrada no prédio fez das mais de 30 salas dormitórios de moradores de rua, usuários de droga e motel dentro do espaço público

Gustavo Abdel
13/06/2015 às 05:00.
Atualizado em 23/04/2022 às 10:50
Já foram investidos mais de R$ 1,2 milhão no prédio, e a obra paralisada e reiniciada pelo menos três vezes ( Janaína Ribeiro/ ANN )

Já foram investidos mais de R$ 1,2 milhão no prédio, e a obra paralisada e reiniciada pelo menos três vezes ( Janaína Ribeiro/ ANN )

As obras da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Jardim Carlos Lourenço, na região Suleste de Campinas, estão paradas há cinco anos e ainda não há previsão de continuidade. Com expectativa de atender 10 mil pacientes por mês, a continua degradação do prédio e a morosidade nos trâmites dentro da Prefeitura fazem moradores da região desacreditarem que um dia receberão atendimento na unidade. A facilidade de entrada no prédio fez das mais de 30 salas dormitórios de moradores de rua, usuários de droga e motel dentro do espaço público.Já foram investidos mais de R$ 1,2 milhão no prédio, e a obra paralisada e reiniciada pelo menos três vezes, principalmente para adequações no projeto original e acertos financeiros com a construtora. Em 2013, quando parou em definitivo, a Administração apontou problema com a licitação. Agora, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o projeto remanescente (para readequar as novas intervenções ao que já foi construído) está em fase final de conclusão, e que a obra é umas prioridades do governo Jonas Donizette (PSB). Entretanto, ainda não há previsão para a retomada das obras.Enquanto isso, aposentada Maria Aparecida Serafim, de 74 anos, espera sentada em sua varanda o dia em que verá a UPA em pleno funcionamento. "Para mim seria muito bom, por que tenho que atravessar a cidade para ir ao hospital" , disse. "Até parece uma brincadeira, né, pois temos uma estrutura tão boa na porta de casa e não podemos usar, não é verdade?", completou.Já a vizinha Aureluce Augusta, de 79 anos, não aguenta mais abrir o portão de sua casa e se deparar com o matagal que se formou na fachada do prédio. "É um total descaso com os moradores. Esse é um bairro tranquilo, mas faz tempo que as pessoas começaram a freqüentar esse lugar abandonado e a gente fica com medo", expôs. Segundo ela, a Prefeitura esteve no local pouco mais de dois meses e retirou três famílias que moram nas salas-consultório.A construção foi habilitada no Ministério da Saúde como uma UPA III 24 horas. Essa classificação é para unidades que atendem mais de 450 pessoas por dia, com mais de 20 consultórios e serviços como ultrassom e raios-x. A obra da UPA Suleste começou em 2010. Em maio do ano passado moradores fizeram um protesto em frente a unidade, munidos de faixas e cartazes.A reportagem entrou nas dependências do prédio pelo fácil acesso proporcionado e verificou que pedaços de ferro foram furtados, tampas de concreto de bueiros e azulejos de banheiros quebradas, e uma centena de fezes humana, pedaços de roupas, preservativos e latas que são usadas para consumo de droga. As entradas estão todas danificadas e o mato também invadiu a área interna."Uma senhora passava em frente a entrada do prédio e um mendigo saltou lá de dentro e roubou a bolsa dela. Esse lugar está esquecido", reclamou uma comerciante que preferiu não se identificar.O Departamento Administrativo (DA) da Secretaria de Saúde de Campinas informou através da assessoria de imprensa que fará a vistoria no local e verificará quais as providências precisam ser tomadas.

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