TRAGÉDIA

Obra onde morreram 5 em Piracicaba pode continuar

Queda de pilar em ponte vitimou trabalhadores; Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) autoriza a continuidade

Adriana Ferezim
19/07/2015 às 11:10.
Atualizado em 28/04/2022 às 17:06
Em julho de 2013, um dos pilares desabou durante a instala&ccedil;&atilde;o das estruturas sobre a ponte no Rio Piracicaba: obra j&aacute; havia sido alvo de den&uacute;ncias desde o ano anterior pelo MPT (Christiano Diehl Neto/1<SC210,186>jul2013Gazeta de Piracicaba)

Em julho de 2013, um dos pilares desabou durante a instalação das estruturas sobre a ponte no Rio Piracicaba: obra já havia sido alvo de denúncias desde o ano anterior pelo MPT (Christiano Diehl Neto/1jul2013Gazeta de Piracicaba)

A reconstrução da ponte sul e o reforço estrutural do pilar central da ponte norte do Contorno de Piracicaba, o novo anel viário, foram autorizados na semana passada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). As obras tiveram início na última quinta-feira com a limpeza dos restos do pilar central sul que ruiu em julho de 2013, causando a morte de cinco trabalhadores e deixando outros cinco feridos. A previsão é que toda a obra seja concluída até o fim do ano, conforme anunciou o governador Geraldo Alckmin (PSDB). Todo o anel viário tem extensão de nove quilômetros.A obra estava embargada até o primeiro semestre deste ano, quando a concessionária e a nova construtora que está realizando os serviços tinham sido autorizadas pelo órgão a executar serviços em solo. De acordo com Antenor Varolla, gerente regional do MTE de Piracicaba, as etapas iniciais dos planos de reconstrução da ponte sul (no sentido SP-147 a SP-308/SP-304) e de segurança dos trabalhadores da obra foram aprovadas na quarta-feira. “Também foi liberado o projeto de reforço estrutural do pilar central da ponte norte, porque os laudos técnicos do Instituto de Criminalística (IC) e do Instituto de Pesquisa Tecnológica (IPT) apontam que pode haver falha estrutural. Um novo projetista foi contratado e ele apresentou uma proposta, garantindo a segurança da obra”, comentou.O pilar central fica no leito do Rio Piracicaba. O novo será construído com três metros de diâmetro, na ponte sul. “O pilar da ponte norte foi construído com dois metros de diâmetro e será ampliado para três metros”, explicou Varolla.Uma camada de um metro de espessura de concreto armado vai envolver o pilar atual, ampliando o seu diâmetro para três metros. “O projeto apresentado ao ministério afirma que essa dimensão maior será suficiente para suportar o peso da ponte e dos veículos que utilizarão esse acesso, que é muito importante para a cidade”, comentou.O gerente ressaltou ainda que os laudos periciais identificaram que o pilar da ponte sul ruiu com o peso de uma viga que estava sendo colocada sobre ele, porque ocorreram várias falhas na execução do projeto que comprometeram a estrutura, como problemas nas ferragens, no concreto armado e na fundação. “Para essa nova etapa da obra, a concessionária contratou, além da empresa que está realizando a ponte, uma auditoria que ficará em tempo real na obra e que acompanhará a execução do projeto. O objetivo é evitar erros. Outro ponto fundamental é o plano de segurança dos trabalhadores, para que não ocorram novos acidentes”, afirmou. Segundo ele, há um mês o projetista participou de reunião com servidores e técnicos do MTE e os planos estavam sendo discutidos, até chegarem a aprovação de quarta-feira, que libera a retomada na execução dos serviços nas pontes.“Ainda outras fases serão liberadas. Os planos terão a execução autorizada em etapas. O objetivo é garantir que a obra seja feita de forma a possibilitar a segurança dos usuários e também dos trabalhadores que farão os serviços”, disse.VistoriaNa quinta-feira, o vereador José Aparecido Longatto (PSDB) e o engenheiro civil João David Pavani estiveram visitando a área da ponte. Eles puderam visualizar os funcionários atuando na retirada do material do pilar da ponte sul, que está submerso. Pavani disse que a área cercada para o trabalho já apresenta um diâmetro maior que a do pilar da ponte norte.Mesmo sem saber sobre a liberação do projeto, eles falaram da importância do reforço na estrutura desse pilar. “Não temos garantia se esse pilar — que ficou em pé — poderá suportar o peso do tráfego intenso de caminhões que o anel viário receberá”, disse.Longatto promoveu uma audiência para discutir a obra, na Câmara, em junho, mas o evento não contou com a presença da concessionária e da Artesp. “Apenas a empresa anterior que estava construindo a ponte compareceu. A concessionária não está agindo com transparência porque não apresentou o novo projeto de como a ponte norte será reforçada para evitar uma nova tragédia. Não podemos esquecer que cinco pessoas perderam suas vidas nessa obra”, disse.O vereador informou também que deve elaborar documento, até a próxima semana, para encaminhar ao Ministério Público (MP) os questionamentos feitos pela Câmara de Vereadores sobre a segurança na execução da obra e os novos projetos.Laudo apurou que falha foi na estrutura de pilastraEm 1° de julho de 2013, quando trabalhadores montavam a estrutura da ponte sobre o Rio Piracicaba, um dos pilares desabou, cinco trabalhadores morreram e outros cinco ficaram feridos. A obra foi embargada pelo Ministério do Trabalho e Emprego até que as causas fossem apuradas. Em junho do ano passado, quase um ano depois, um laudo preliminar da Polícia Técnico-Científica do Estado de São Paulo identificou que a causa do acidente foi uma falha na execução do pilar central. De acordo com informações do Ministério Público do Trabalho (MPT), em setembro de 2012 já havia sido aberto inquérito contra a construtora responsável pela obra, que chegou a ser embargada devido ao risco de soterramento e uso impróprio de andaimes, na ocasião. Segundo a assessoria de imprensa do MPT, a empresa apresentou as soluções aos problemas apontados e a obra foi desembargada. Em abril de 2013, um fiscal do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) apontou novos problemas de segurança, mas não houve interdição da construção do anel viário. 

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