Que bonito é ver um time aplicado e organizado taticamente em ação. A Ponte Preta foi senhora da situação e jogou como uma equipe fria e calculista, com a sorte e precisão cirúrgica que nenhuma virgem do futebol poderia ter. Ganhou, encantou e calou, mais uma vez, quem desacreditava este time, que briga contra o rebaixamento no Brasileirão, mas que está a um passo da final da Copa Sul-Americana.Quietinha e com bons modos, a Macaca foi à casa rival — que de segura não tem nada, vide a chuva de pedras e latas no ônibus alvinegro antes da partida — e cozinhou o Tricolor. Ciente das óbvias dificuldades e diferenças dos elencos, Jorginho tratou de fechar a área nos primeiros 15 minutos, sempre cruciais para aumentar ou diminuir a intensidade do jogo, e aguentou a pressão são-paulina. O gol de Ganso saiu aos 20', mas não foi suficiente para inflar a torcida anfitriã.Muito pelo contrário. O coro que se ouvia era o da Macaca querida, amor da vida de 3 mil vozes — mais barulhentas que as outras 50 mil do estádio — fortes o suficiente para representar toda a massa alvinegra que não pôde estar presente, mas que estava em espírito. Rildo e Uendel trataram de corresponder à energia vinda do cantinho da arquibancada para achar o espaço em campo que poderiam aproveitar. Paulo Miranda ainda está procurando por eles. O gol de empate provou aos comandados de Jorginho que era possível sair para o jogo. O papo no vestiário rendeu e a Ponte voltou com tudo. Matou o jogo com soberania e, principalmente, com respeito, coisa que faltou do outro lado.Os jogadores sabem que ainda não acabou. Sabem que ainda há o jogo de volta. Mesmo que a volta não seja em seu estádio. Por isso, é preciso manter a obediência tática. Se há a carência de um craque, a Ponte tem um time que joga unido, que se doa um pelo outro, que se atira à frente da bola e que salva o gol em cima da linha. Ainda não acabou. Só que antes é preciso voltar as atenções ao Brasileiro.Domingo tem jogo contra o Grêmio e sempre fica aquela dúvida: poupar ou não os titulares? Não pode haver outro resultado que não a vitória. O time tem de entrar com sua força máxima. Porém, hoje, a força máxima é composta por quem está descansado. O jogo no Morumbi foi exaustivo para a maioria dos jogadores. Assim como será na volta.O rebaixamento assusta, mas a possibilidade real de levantar a taça e garantir uma vaga na Libertadores do ano que vem faz do jogo de domingo importantíssimo para o futuro da Macaca.