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O vice

Discussão é sobre legitimidade para o cargo, já que Dilma teve projeto aprovado nas urnas e Temer fazia parte

Milene Moreto
15/05/2016 às 20:50.
Atualizado em 23/04/2022 às 00:30

A figura do vice no Brasil nunca recebeu a devida importância. Se perguntarem por aí, poucos se lembram quem era o vice do Aécio Neves (PSDB) na campanha de 2014. Agora que Michel Temer (PMDB) assumiu provisoriamente o cargo de presidente com o afastamento de Dilma Rousseff (PT), o embate sobre a permanência dele no comando do País cresce a cada dia. A discussão é sobre a legitimidade para o cargo, já que Dilma teve seu projeto de governo aprovado nas urnas e Temer fazia parte dele. Grupo Além do PMDB, Dilma foi eleita com uma ampla aliança. Durante o processo de abertura do impeachment, muitos partidos caíram fora e passaram a apoiar seu afastamento. Temer, por sua vez, ganhou força com o apoio de legendas da oposição à presidente. É, no fim, como se Temer tentasse se desvincular da gestão catastrófica da petista. Só que por anos, ele fez parte de todo o processo e não foi apenas um objeto de decoração. Frase Nas últimas semanas tivemos longas sessões. Isso é positivo, entretanto, precisamos concluir as votações de outros projetos. (Do presidente da Câmara de Campinas, Rafa Zimbaldi (PP), sobre a pauta travada na Casa na semana passada). Fora e dentro Muitos dos partidos que abandonaram Dilma agora afagam Temer e buscam garantias de espaço. O que eles querem? Cargo e poder. Em troca, oferecem a governabilidade. Seguem a mesma cartilha da política que não tem dado bons resultados no País. Tradição Campinas também já teve suas experiências com os vices. Com a morte de José Roberto Magalhães Teixeira (PSDB), em 1996, quem assumiu o cargo foi o vice, Edivaldo Orsi, também tucano. Depois, com o assassinato do prefeito Antônio da Costa Santos (PT), em 2001, coube à vice, Izalene Tiene, comandar a Prefeitura. Crise A crise política no Caso Sanasa também deu holofotes ao vice. Com Hélio de Oliveira Santos (PDT) cassado em 2011, quem assumiu o Palácio dos Jequitibás provisoriamente foi Demétrio Vilagra (PT), que mais tarde também perdeu seu mandato, acusado de corrupção. No cenário de caos, o poder na cidade foi parar nas mãos do presidente da Câmara da época, Pedro Serafim (PRB), eleito indiretamente pela Câmara para terminar o mandato. Eleição Em tempo, teremos eleições este ano para a escolha do prefeito. Quando o assunto for o vice, vale a pena dar uma olhada na capacidade do candidato. Na política, nada pode escapar. Se algo der errado, não adianta chorar pelo leite derramado. Sempre é bom ficar de olho nas composições do Legislativo. Em Campinas, o presidente da Câmara já virou prefeito. Câmara As eleições para a presidência da Câmara não passam pelas mãos dos eleitores diretamente. Quem escolhe o comando do Legislativo são os próprios parlamentares e, com frequência, com orientações do Executivo. Nomes Em Campinas, os últimos dois presidentes da Casa foram referendados pelo Executivo. Lá em Brasília, no entanto, Dilma já estava com seu governo frágil e não conseguiu derrotar o carioca Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Pauta cheia Os vereadores de Campinas analisam na sessão de segunda-feira (16) 13 projetos que “sobraram” de sessões anteriores e que não passaram por análise devido às discussões entre os parlamentares. Entre os itens que esperam na fila, não existe nada muito bombástico, a não ser a proposta do vereador Campos Filho (DEM) que pretende fiscalizar as emendas de origem federal e estadual destinadas à Campinas pelos deputados. A ideia é obrigar o Executivo a publicar todos os recursos no Diário Oficial e fiscalizar a execução.

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