JOGO RÁPIDO

O VAR no Brasileirão

Coluna publicada na edição de 21/8/19 do Correio Popular

Carlo Carcani Filho
21/08/2019 às 02:02.
Atualizado em 30/03/2022 às 17:19

A utilização do árbitro de vídeo no futebol brasileiro já recebeu muitas críticas, o que é natural durante o período de adaptação de um recurso responsável por profundas modificações nas partidas. O VAR não muda apenas a arbitragem em si, mas também afeta o comportamento dos atletas. Os puxões e empurrões na área, tão comuns em lances de bola parada, são utilizados com moderação quando os jogadores sabem que estão sendo observados por árbitros com acesso a imagens de dez câmeras. As reclamações também são mais intensas quando os jogadores sabem que o árbitro pode rever determinados lances com o recurso eletrônico. No Brasil, um dos problemas mais graves é a enorme e injustificável demora para a equipe de arbitragem tomar decisões. Não é raro ver a bola parada por cinco minutos ou mais, tempo que nem sempre é acrescido de forma correta ao final do período. O início do Inglês expôs a incompetência brasileira nesse aspecto. Na maioria dos lances, as decisões são tomadas em 30 segundos, às vezes nem isso. Não dá nem para comparar com o que vemos no Brasileirão. Considero o VAR um grande avanço e tenho certeza que seus benefícios compensam os aspectos negativos. Os problemas existem, mas tendem a diminuir muito com o passar do tempo, à medida que os árbitros forem se adaptando à tecnologia. Mas apesar de ser uma novidade, não é aceitável que, com o VAR à disposição, o árbitro de campo não revise um lance de pênalti tão claro como o cometido por Tiago Volpi em Felippe Cardoso. O goleiro do São Paulo fez falta clara sobre o atacante do Ceará. O juiz não marcou nada, o VAR “revisou” o lance e aparentemente concordou com a decisão do campo. Em um lance como esse, é inadmissível que o VAR não recomende ao juiz que reveja o lance no monitor. A falta de Volpi foi clara e não dá para ao menos não ter dúvida de que houve pênalti. Após a partida, inconformado, o técnico do Ceará fez uma crítica pesada à arbitragem. “Era uma festa, não podíamos atrapalhar”, disse Enderson Moreira, em referência às estreias de Daniel Alves e Juanfran no Tricolor. A CBF não pode permitir que, aos olhos do público, o VAR se transforme em uma ferramenta capaz de manipular resultados. Como explicar a não revisão de um lance como esse? A CBF precisa trabalhar para diminuir o tempo de paralisação e também para impedir que uma acusação pesada como a de Enderson Moreira faça sentido. O VAR foi criado para reduzir erros e não para aumentar a desconfiança sobre a lisura da arbitragem.  

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