JOGO RÁPIDO

O VAR e a transparência

Coluna publicada na edição de 27/3/19 do Correio Popular

Carlo Carcani Filho
26/03/2019 às 19:18.
Atualizado em 04/04/2022 às 21:12

A estreia do VAR no Paulistão não poderia ter sido melhor. Logo no primeiro jogo das quartas de final, o árbitro assistente de vídeo não apenas validou um gol legal, como mostrou ao público que a decisão tomada foi a correta. Mas o caso, raro, já mostra um ponto em que o sistema precisa ser aprimorado para ter mais credibilidade. O Novorizontino abriu o placar contra o Palmeiras no final do 1º tempo. No início da jogada, um jogador da casa domina a bola e faz um passe vertical que resulta em gol. A impressão de que o jogador usou o braço para dominar a bola foi reforçada por todas as imagens disponíveis na transmissão da TV. Assim que o gol foi validado, palmeirenses ficaram indignados, analistas concluíram que o VAR errou e uma forte polêmica teve início, já que o relacionamento Palmeiras-Federação Paulista vive um momento de turbulência. Após a partida, indignado, o goleiro Fernando Prass disse que o árbitro lhe contou no intervalo que uma outra câmera disponível para o VAR mostrou que não houve toque de mão. Prass não acreditou. Muita gente não acreditou. E é compreensível que tenha sido assim porque, pela TV, é nítida a sensação de que o jogador dominou a bola com o braço. No dia seguinte, para rebater as críticas e provar que a arbitragem acertou, a Federação Paulista divulgou a imagem exclusiva do VAR. Ficou claro que o gol foi legal e que a decisão foi correta. O VAR tem duas funções no futebol. A primeira é diminuir o número de erros da arbitragem e tornar o futebol mais justo. A segunda é dar mais credibilidade à arbitragem. Nesse jogo de Novo Horizonte, a primeira missão foi cumprida com perfeição. O gol legal foi validado, apesar das aparências. Mas, no segundo aspecto, ficou claro que é possível dar mais credibilidade ao futebol com a simples decisão de também disponibilizar para a TV, durante a transmissão, todas as imagens relevantes para a tomada de uma decisão importante. As federações e a CBF não devem permitir que imagens exclusivas permaneçam em sigilo. Isso abre a possibilidade de que um árbitro no comando do VAR mude a história de uma partida sem ser questionado por isso. A entrevista de Fernando Prass deixou claro que ninguém acreditaria na versão do árbitro em um lance como esse. A sensação seria de que a Federação quer mesmo prejudicar o Palmeiras, a ponto de validar um que, pela TV, foi claramente irregular. O futebol precisa usar a tecnologia para melhorar sua própria imagem. Imagens secretas não contribuem para isso.

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