O valor e o peso do "Paulistinha"

Não se discute que o Campeonato Paulista é a competição de menor importância no calendário dos quatro grandes do futebol paulista. Mas, por sua tradição e por colocar frequentemente os rivais frente a frente em jogos decisivos, o Paulistão ainda tem um peso considerável para os times e suas torcidas. Os que ficam pelo caminho geralmente tentam desdenhar o feito de quem ergue a taça no final. Mas após uma semifinal como a de domingo no Allianz Parque, fica claro que o Paulistão de Paulistinha não tem nada. Nem tanto pela alegria dos são-paulinos, que celebram o retorno à final depois de 12 anos de espera. O que mostra o peso da competição é o efeito que a eliminação provocou no Palmeiras. Se fosse só um “Paulistinha”, a perda não seria sentida em um clube que foi campeão brasileiro duas vezes nos últimos três anos. Mas, na prática, a eliminação em casa provocou as mais diversas reações, dentro e fora do Palmeiras. Em sua entrevista após a partida, o técnico Luiz Felipe Scolari reclamou dos critérios do VAR e do julgamento muito estranho do meia Moisés, suspenso por quatro partidas. E citou as declarações do presidente do Tribunal de Justiça Desportiva, Antônio Olim, realmente condenáveis. Felipão também teria pensado em tirar o time de campo depois que o VAR anulou o gol de Deyverson. São claros os sinais de que o Palmeiras acusou o golpe. Mas a repercussão do lado de fora foi maior. Por incrível que pareça, a torcida do time que tem o melhor e mais caro elenco do futebol brasileiro está insatisfeita. Insatisfeita com o pouco futebol que Felipão tira de um elenco tão recheado de bons jogadores. Insatisfeita com a omissão das estrelas em momentos decisivos. Insatisfeita com os gols perdidos por Borja e com a apatia de Lucas Lima. Insatisfeita com a postura da diretoria em diversos pontos, inclusive no relacionamento com a Federação. Insatisfeita por não comemorar um gol sequer em três partidas importantes seguidas. Insatisfeita por ter sido eliminada em casa por um adversário tecnicamente inferior e que tem péssimo aproveitamento em clássicos nos últimos anos. Em 2019, já disputou cinco e não venceu nenhum. Enfim, é muita insatisfação para um clube que arrecada e gasta tanto. O Palmeiras precisa mostrar um futebol compatível com o valor de seu elenco e de sua comissão técnica. E o que deixou isso claro foi seu fracasso no campeonato que os derrotados chamam de “Paulistinha”.