EDITORIAL

O Taquaral e o desvirtuamento de seu espaço

Há cinco anos o Correio fez série de reportagens mostrando os problemas do cartão-postal da cidade, entre eles a prática sexual ao ar livre

Correio Popular
01/03/2015 às 05:00.
Atualizado em 24/04/2022 às 00:49

Uma cidade necessita de uma área pública para que sua população tenha momentos de lazer, espaço para atividades físicas, ou simplesmente para o cidadão relaxar dos percalços do dia a dia. Em Campinas, o Parque Portugal, mais conhecido como Lagoa do Taquaral, é a “praia” dos campineiros. É para lá que convergem centenas de pessoas todos os dias, multiplicando essa fluência no final de semana.A área arborizada, com uma bela lagoa, espaço para atividades físicas e passeios em pedalinhos, bonde e visita à caravela Anunciação, a tornam o principal atrativo de lazer da cidade. No entanto, o tradicional espaço público do município tem sido desvirtuado de sua função original ao servir de motel, sobretudo à noite, em suas trilhas e áreas mais escuras. Na semana passada, um mutirão realizado pela ONG Gatos da Lagoa do Taquaral (Correio, 21/02, A11) recolheu cerca de 2 mil preservativos de locais, dentro do parque, usados para o sexo casual. Os praticantes dessa atividade invadem o espaço por meio de buracos no gradil e aproveitam os lugares com pouca iluminação para seu deleite. O problema não é de hoje. Há cinco anos o Correio fez várias reportagens mostrando as mazelas do parque mais popular de Campinas, entre elas a prática sexual, e por consequência, cobrando das autoridades públicas ações para inibir a atividade e garantir mais segurança aos usuários. É evidente que a força-tarefa da ocasião não surtiu o efeito desejado. O ato sexual em lugares públicos é proibido por lei, mas torna-se mais grave ao ocorrer no principal cartão-postal da cidade e colocar em risco a saúde dos frequentadores. O perigo de tal objeto ser levado à boca por uma criança é grande. A ONG estima que os preservativos tenham causado, por engasgo, a morte de gatos e gansos que habitam o parque. Mais que um problema de policiamento, é um caso de saúde pública.É necessário que as forças de segurança intensifiquem o patrulhamento para coibir a prática sexual ao ar livre, transmitindo a segurança tão necessária aos seus frequentadores. À Prefeitura cabe a tarefa de fechar os buracos no gradil e intensificar as operações de limpeza, além de ampliar a iluminação. Urge também criar um canal que permita ao frequentador denunciar as atividades ilegais no parque. É o mínimo que os órgãos municipais devem fazer para manter a integridade e o respeito pelo principal ponto de lazer do campineiro. Permanecer do jeito que está depõe contra o cartão-postal da cidade e afasta seus frequentadores.

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