JOAQUIM MOTTA

O tamanho do prazer

Joaquim Motta
26/07/2013 às 05:01.
Atualizado em 25/04/2022 às 07:33
ig - joaquim motta (cedoc)

ig - joaquim motta (cedoc)

Os temas eróticos são hoje em dia bem comuns, presentes na mídia de modo amplo e frequente, não provocando mais tanta polêmica e oposições reacionárias. As defesas da tradição judaico-cristã e o pudor moralista não têm conseguido frear essas manifestações iniciadas há meio século, nos revolucionários anos 60.A Revolução Sexual fez um trabalho essencial e necessário para melhor entendermos e situarmos a sexualidade humana. Os primeiros 50 anos dessa transformação foram decisivos, mas precisam de reformas e adaptações, especialmente quanto aos valores éticos e afetivos do sexo.Precisamos revitalizar o prazer banalizado e expandir o conhecimento e o exercício do amor. Como seres humanos, todo comportamento nosso implica a complexidade subjetiva do que sentimos e de como interpretamos os nossos sentimentos.O melhor aproveitamento da excitação erótica, desde as iniciativas preliminares até o clímax do orgasmo, depende essencialmente da sensitividade e da sensibilidade dos pares.Por essa bipolaridade funcional didática, temos:1 - a sensitividade é concreta, implica a disposição de reagir aos estímulos objetivos, corresponde à nossa aferência, isto é, a captação e a condução dos estímulos de fora para dentro, da periferia para o interior do corpo.Fazemos essa recepção sensorial pelos nervos aferentes. Eles percebem e trazem as estimulações externas para o nosso interior, levando-as até o cérebro, onde serão processadas e entendidas.Os órgãos dos sentidos (visão, audição, olfação, gustação e tato), desde a captação até a compreensão mental dos estímulos, realizam funções sensoriais específicas, mas o cérebro se encarrega de individualizá-los ou associá-los, conforme as circunstâncias.2 - a sensibilidade é abstrata, implica a subjetividade de interpretar o que foi recolhido pelo trabalho do sistema nervoso, da maneira como a mente entenderá todo o processo.Em determinada situação, o cérebro irá receber e avaliar os estímulos como agradáveis, excitantes ou não, de acordo com as abstrações do momento.Você chega em casa chateado porque esperava ser promovido no trabalho e isso não ocorreu. De repente, seu filho sai do quarto radiante contando que obteve a melhor nota da classe. Você se alegrará com o sucesso dele, sentirá mesmo uma satisfação íntima, mas o entusiasmo fica prejudicado – e poderá até se irritar um pouco se o garoto exagerar na comemoração...No âmbito da sexualidade, a abstração será decisiva e inapelável, muitas vezes. O parceiro pode fazer massagens bem orientadas, visar os seus pontos mais sensíveis, explorar as zonas erógenas, mas se você não estiver interpretando tudo isso como interessante e, principalmente, não concentrar os pensamentos em temas eróticos, a excitação não virá ou não se manterá.Especificamente nos órgãos genitais, aqueles que representam o núcleo essencial da satisfação sexual, o prazer depende muito mais da subjetividade das sensações do que do exercício objetivo dos toques e massagens.Para isso, concorre fundamentalmente a auto-estima que a pessoa desenvolve quanto às dimensões e impressões dos seus órgãos.Não adiantam referências numéricas, médias de volumes e detalhes de medidas. Há homens de pênis abaixo da média que não se inibem, há mulheres de vulva grande que se envergonham até de ir ao ginecologista.Um pênis ereto só é considerado pequeno se tiver menos de 9 cm. Há variações complexas, conforme o estado de repouso ou de ereção. Muitos moços não conseguem tomar banho em vestiário masculino porque o pênis em repouso parece muito mínimo, mesmo que passe da média quando está em ereção. A competição homorrival (a comparação entre rivais congêneres) e a gozação que se seguiria causam-lhes verdadeiro terror.Considera-se que a média do pênis ereto é de 12 a 14 cm. A da vagina, cujo terço anterior é o mais sensível aos estímulos, é de 8 a 10 cm. Portanto, um pênis mínimo que penetre suficientemente nesta região pode satisfazer a mulher.Boa parte das mulheres dá importância à espessura peniana, já que a anatomia mais larga pode contribuir para maior pressão na região e facilitar o prazer.A circunferência do pênis pode variar em média de 6 cm a 15 cm, sendo 12,5 cm o número mais comum. Isso não significa que um pênis de dimensão mais fina não possa cumprir bem com sua missão, pois as paredes vaginais se amoldam ao formato dele.Tudo sempre dependerá do contexto mental e emocional. Um moço tem 18 cm de pênis mas não beija – ele bloqueia o clima desde as preliminares, desencantando qualquer parceira. Uma moça acha seus mamilos descorados e não observa a anatomia do parceiro, perdendo o rumo da troca erótica.A relação é prazerosa e adequada à medida que a pessoa saia de si mesma, abra suas fronteiras à visitação do parceiro, esqueça seus pontos fracos e fortes, mergulhando nas características, virtudes e carências do outro. Relacionar-se é isso: visitar, conhecer o outro e aproveitar o que ele oferece, e não se prender a si próprio, exibir-se e fixar o encontro no seu mundo original.***Quero lembrar ao leitor do nosso Grupo de Estudos do Amor (GEA). No site www.blove.med.br, clique GEA e acompanhe as nossas iniciativas e programações.

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