O silêncio de Felipão

O maior erro de Luiz Felipe Scolari na convocação desta terça-feira talvez tenha sido seu comportamento após o anúncio da lista com os 23 jogadores para a Copa das Confederações. Ao não justificar a ausência de Ronaldinho Gaúcho, ele mantém o assunto em pauta por muito mais tempo e, principalmente, perde a oportunidade de mostrar a todos os atletas que ter comprometimento com a Seleção é tão importante quanto jogar muito bem.

Ronaldinho é experiente, já ganhou uma Copa sob comando do próprio Felipão e está jogando muita bola no Atlético. Suas atuações são encantadoras e ele comanda um Galo que em suas últimas apresentações goleou adversários do nível de São Paulo e Cruzeiro em partidas decisivas.

O País inteiro desejava vê-lo entre os convocados, mas Felipão optou por Oscar e Jadson. O meia do Chelsea até pode dar conta do recado, mas o são-paulino está num nível muito inferior ao de R10. Ao que tudo indica (e temos apenas que imaginar, já que Felipão não explicou sua decisão), o craque ficou fora porque se atrasou por 25 minutos a uma apresentação da Seleção em Belo Horizonte, no mês passado.

Felipão deveria expor seus motivos para mostrar a todos que não aceita essa falta de comprometimento. O futebol brasileiro tem muitos jogadores que não se comportam como atletas. Ronaldinho é um deles. Levasse a carreira a sério e ainda estaria no Barcelona, encantando o planeta. No Rio deu relaxo (assim como o Flamengo, é bom frisar), mas em BH se reencontrou e tem mostrado mais futebol do que qualquer outro brasileiro de sua posição.

Felipão aparentemente desistiu dele e compreendo a exigência de que Ronaldinho não apenas brilhe com a bola nos pés, mas que também seja um exemplo aos mais jovens e se esforce para render ainda mais.

Mas Felipão também poderia buscar outro caminho. Poderia chamar R10 para uma conversa e tentar descobrir se ele está a fim de se comportar como um atleta profissional até o final da Copa do Mundo. Ele joga bonito, é atração, dá espetáculo. E também pode ajudar o Brasil a vencer.

Se Felipão fosse técnico da Itália, deixaria Balotelli fora da Copa das Confederações? Inconsequente, o atacante de apenas 22 anos tem um histórico de confusões tão grande que é difícil acreditar que com tão pouca idade ele já tenha aprontado tanto.

Mas é um atacante que desandou a marcar gols desde que chegou ao Milan (foram 11 em 12 jogos) e que também é um titular importante da Itália. No empate por 2 a 2 com o Brasil, jogou muito bem e fez um golaço. Balotelli merece ser cortado por indisciplina ou é um jogador no qual Cesare Prandelli deve apostar, trabalhando para seu amadurecimento técnico e profissional?

É certo que Prandelli vai apostar em Balotelli. Felipão, ao que tudo indica, desistiu do talento de R10.