CARLO CARCANI

O respeito perdido

Carlo Carcani
26/04/2013 às 15:50.
Atualizado em 25/04/2022 às 18:43

As apresentações da Seleção Brasileira têm sido decepcionantes. Foi assim durante a época de Mano Menezes e continua assim com Felipão. Os resultados são ruins e as atuações não empolgam e quando isso acontece com uma seleção de nível tão alto, a cobrança é enorme.

Mesmo assim, acho que o comportamento da torcida no Mineirão foi muito ruim. A Copa das Confederações está aí e, logo depois, o planeta já começará a respirar Copa do Mundo. Um grande trunfo da Seleção Brasileira será o fato de jogar em casa, mas se o comportamento dos mineiros for um espelho do que teremos no Mundial, então serão as outras seleções que levarão vantagem por atuar aqui.

Não faz o menor sentido vaiar intensamente um jogador que fez uma assistência e marcou um gol em um empate por 2 a 2. Após o jogo, Neymar disse que não está nem aí para as vaias e foi criticado por isso. Na verdade, ele tem razão. Assim como os companheiros, ele não teve uma atuação espetacular. Todos esperavam mais dele, mas isso não justifica as vaias. Neymar foi vaiado por ser o mais famoso e por ser do Santos. Se fosse do Atlético ou do Cruzeiro, seria aplaudido ainda que não tivesse feito um gol e uma assistência.

O torcedor brasileiro coloca a Seleção em um nível muito baixo de importância. Vaiá-la passou a ser divertido e o prazer de aplaudi-la se perdeu em algum lugar do passado. É bem provável que a CBF seja a responsável por isso. Afinal, prefere mandar seus jogos no Exterior e muitas vezes contra adversários inexpressivos. De tanto fazer isso, agora sofre quando enfrenta seleções médias ou grandes.

Outro fator que contribuiu para esse distanciamento entre brasileiros e Seleção foi a banalização das convocações. Pelos mais diversos motivos, muitos jogadores de qualidade questionável foram chamados para vestir a amarelinha. Antigamente, só quem era muito bom de bola tinha esse privilégio.

Por fim, a CBF insiste em ignorar a existência das datas reservadas pela Fifa para jogos de seleções e marca rodadas do Brasileirão nos mesmos dias. Em alguns casos, isso simplesmente tira determinadas equipes da briga pelo título ou de uma vaga na Libertadores. E o torcedor, com toda razão, passa a lamentar a convocação de seus ídolos. Antigamente, isso era motivo de orgulho.

Como se vê, a CBF tem muito o que corrigir para que a Seleção volte a ser respeitada e admirada. Isso não vai acontecer da noite para o dia e é por isso que, pelo menos até a final de 2014, o torcedor deveria fazer sua parte. Torcida não ganha jogo. Dos nove mundiais realizados de 1982 pra cá, só um (França 1998) teve o dono da casa como campeão. Gritar olé para o adversário, vaiar o craque do time e ter tolerância zero são comportamentos que não vão contribuir para a conquista do hexa.

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