CARLO CARCANI

O reserva mais valioso

Carlo Carcani
18/06/2015 às 00:06.
Atualizado em 28/04/2022 às 15:15

A final da temporada 2014/15 da NBA deu ao mundo do esporte mais um exemplo de como é importante para um atleta ser profissional. E de como é importante, para qualquer time, ter atletas profissionais vestindo a sua camisa. Andre Iguodala não é dos maiores jogadores da história do basquete, mas é um jogador relevante na NBA. Tem 31 anos e desde os 21 foi titular no Philadelphia e no Denver, clubes pelos quais disputou 758 partidas, todas como titular. Isso mudou quando ele chegou ao Golden State. Em sua segunda temporada pelo time, foi reserva nas 77 partidas que disputou na temporada regular. Atuou em média 26,9 minutos por jogo. Nunca ficou tão pouco tempo em quadra. Um atleta com baixo senso de profissionalismo correria um enorme risco de se acomodar com essa situação. Mesmo sem ser um super star, Iguodala estava acostumado a ser uma peça importante. Ele não está em fim de carreira e sabe que ainda é um jogador relevante, mas nem por isso se rebelou com a reserva e com a perda de prestígio no Golden State. E foi justamente por ter esse comportamento profissional que hoje ele tem em sua casa o troféu de MVP das finais da NBA. Ninguém imaginava que esse prêmio pudesse escapar de Stephen Curry ou LeBron James, os astros da final. Era óbvio que o que fosse campeão seria eleito o jogador mais valioso da decisão. No fim, o prêmio foi para Andre Iguodala, que também começou a decisão como reserva. Só foi aparecer entre os titulares no jogo 4, quando o Cleveland liderava a série por 2 a 1. Com Iguodala no time, o Golden State mudou. Venceu três partidas seguidas, faturou o título que não conquistava desde 1975 e impôs ao astro LeBron James a quarta derrota nas seis finais que disputou em sua carreira. LeBron, que antes do jogo 6 se definiu como o melhor jogador do mundo, teve um desempenho excepcional. Pela primeira vez na história, um jogador foi o líder de pontos, assistências e rebotes de uma final, contando os jogadores dos dois times. É um feito espetacular, mas, ainda assim, o MVP foi o reserva que estava em ótima forma no final de uma temporada em que foi apenas o sexto homem de sua equipe. Na hora da decisão, nos jogos que separam homens de meninos, Iguodala foi mais decisivo do que o “melhor do mundo” e também do que seu companheiro Curry, que fez uma temporada fantástica. Só teve a chance de conseguir isso porque continuou trabalhando sério quando o mundo do esporte parecia lhe dizer que estava chegando a hora de sair de cena.

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