Manuel Carlos - correior (Cedoc)
Falta elegância e sobra arrogância ao presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa.Logo que assumiu a presidência da Corte já mostrou que a dor que sentia nas costas refletia no que saía de sua boca e o jornalista Alexandre Garcia observou que aqueles que acompanharam o bate-boca entre ministros deveriam estar boquiabertos e tristes.Disse o jornalista: “O Supremo era a última esperança de um poder sem escândalos”.O ministro Peluso, quando deixou a presidência, deu uma entrevista bombástica criticando a presidente Dilma por não ter posto no orçamento da União um aumento para o Judiciário; criticou o Conselho Nacional de Justiça, que quer pegar bandidos que se escondem atrás da toga e criticou Joaquim Barbosa chamando-o de inseguro e de temperamento difícil.Para dar continuidade à baixaria, Barbosa chamou Peluso de ridículo, brega, caipira, desleal, tirano, pequeno, amargurado e mais: disse que Peluso, como presidente da Corte, manipulava os resultados de julgamentos.Na semana passada, a falta de elegância de Barbosa voltou à cena e ele resolveu provocar os ministros que pudessem, eventualmente, não pensar como ele. Disse a Dias Toffoli que ele usava de tom jocoso em suas interferências; provocou o novo ministro Barroso lembrando a ele que não era mais advogado e, por fim, interrompeu o voto de Lewandowski para chamá-lo de chicaneiro.Chicana é a manobra para atrapalhar o andamento processual normalmente praticada por um trapaceiro ou charlatão e, portanto, a ofensa foi bastante grave, mas Barbosa não quis se retratar.Temos agora uma república com seus três poderes abalados. O Executivo, que não apresenta resultados satisfatórios na saúde, educação, segurança e nem na infraestrutura. Escândalos surgem cotidianamente, como, por exemplo, as despesas feitas pelo governador do Ceará, Cid Gomes, com itens de primeira necessidade, como bombinha de salmão com caviar, camarões ao sol nascente, crepe de lagosta e sushi tropical, pelo preço de R$ 3,4 milhões.No legislativo, discutindo-se o aumento de penas contra policiais acusados e abuso de autoridade e diminuição de penas para o furto primário, como um verdadeiro convite para quem quiser começar no crime.E o Judiciário, última esperança de poder sem escândalo, com ministros que batem boca como se estivessem discutindo em um bar, depois de um clássico entre Corinthians e Flamengo.Surpreendentemente não entendem por que o povo está nas ruas quebrando tudo o que encontra pela frente.Só mesmo lembrando da banda Legião Urbana para perguntar: Que País é esse?