Assisti ao jogo São Paulo e Corinthians como se visse mais um capítulo de novela antiga. Os protagonistas eram os mesmos de sempre, desde quando, em priscas eras, verticalizaram os clubes de futebol, time grande, time pequeno. E São Paulo e Corinthians jogaram como qualquer time que vive o inferno do rebaixamento, porém, sem a vergonha na camisa e envergonhando suas milionárias folhas de pagamento.Já vi muitos empates no futebol, mas nenhum tão vexaminoso como este, tanto no aspecto técnico como no estratégico. Hoje se comemora o Dia do Professor e boleiros em geral costumam se referir ao seu técnico como “professor”, uma ironia que os técnicos costumam deixar pra lá porque bem sabem que não merecem tal título. E o grande clássico paulista se consagrou como mais um arremedo de futebol, com técnicos à beira de um ataque de nervos e jogadores testando os limites da falta de criatividade e competência técnica. Eles se merecem, jogadores e técnicos. São corporativistas e se protegem com declarações de boas relações e escalações profissionais.Do primeiro ao oitavo classificado do Campeonato Brasileiro não há um só paulista. E o Corinthians, atual campeão mundial, está apenas cinco pontos à frente da zona de rebaixamento, e o Atlético Mineiro, atual campeão da Libertadores, na quinta colocação com 17 pontos a menos que o líder Cruzeiro. Títulos demais e futebol de menos, pelo visto.No clássico paulistano, o espetáculo ficou mesmo para a torcida são-paulina que jogou morteiros na torcida adversária e também na Polícia Militar, uma violência rotineira que nenhum estatuto de torcedor conseguirá deter. Na rua, os PMs são considerados violentos quando combatem os proto-terroristas black blocs que incendeiam carros, ônibus e depredam patrimônio público e privado. Nos estádios, parece também normal a bandidagem agredir policiais militares e, o que é um absurdo, tudo terminar como se tal violência fizesse parte do espetáculo, sem que o ministério público agisse para que os responsáveis fossem punidos e clubes penalizados, segundo as regras que eles mesmos concordaram e assinaram.Rogério Ceni perdeu mais um pênalti e a preocupação dos comentaristas esportivos é se é chegada a hora da sua aposentadoria. Alguns raros, como os ex-jogadores Denilson e Neto, hoje comentaristas da Band, criticaram acidamente a violência de um covarde grupo de torcedores são-paulinos contra a PM e entenderam a pressão psicológica pela qual passa o goleiro-artilheiro do São Paulo. Podem ser vozes isoladas, mas, sem sombra de dúvida, corajosas.Bom dia.