JOGO RÁPIDO

O Palmeiras trocou seis por meia dúzia?

Coluna publicada na edição de 4/9/19 do Correio Popular

Carlo Carcani Filho
04/09/2019 às 01:00.
Atualizado em 30/03/2022 às 17:24

A eliminação nas quartas da Libertadores, a sequência de sete partidas sem vitória no Brasileirão e a humilhante derrota de 3 a 0 para o Flamengo decretaram o fim da passagem de Luiz Felipe Scolari pelo Palmeiras. Em seu retorno ao clube, o treinador conquistou o Brasileirão de 2018. Foi o seu segundo título na competição, repetindo o feito de 1996, no comando do Grêmio. Felipão iniciou a edição de 2019 como favorito à conquista do bi. A largada excelente deixou a impressão de que o objetivo seria alcançado com relativa facilidade, mas tudo mudou após a parada da Copa América. A defesa que ninguém passa desandou, os gols da linha atacante de raça secaram e o então líder foi perdendo posições na tabela. A derrota incontestável no Rio para outro favorito foi a gota d’água para a diretoria, que no início da noite de segunda-feira anunciou a demissão de Felipão. Horas depois, Mano Menezes já estava contratado. A escolha foi polêmica. A repercussão nas redes sociais deixou claro que Mano tem certa rejeição entre os palmeirenses. Alguns o enxergam como um treinador muito ligado ao rival Corinthians, mas no futebol profissional não faz sentido levar isso em consideração. Mano, porém, indiretamente abordou o assunto ao anunciar a própria contratação no Twitter: “Grandes sonhos precisam de grandes decisões. Ao Palmeiras e à torcida Palmeirense o meu sim: Sou Palmeiras, sim senhor!” Mano comandou o Corinthians em 248 jogos, atrás apenas de Osvaldo Brandão (435) e Tite (378). Isso certamente contribuiu para que já no dia de sua contratação a hashtag #ForaMano fosse citada milhares de vezes nas redes. Na minha avaliação, a escolha foi ruim, mas não por esse motivo. Felipão caiu por falta de resultados, mas já vinha sendo criticado há algum tempo por adotar um esquema muito conservador. Não dá para chamar de retranca, mas também está longe de ser ousado ou ofensivo. Mano Menezes tem o mesmo perfil conservador. Ele prioriza o sistema defensivo e implantou no Corinthians o esquema utilizado pelo clube até hoje. Assim como Felipão, Mano Menezes não vivia um bom momento no Cruzeiro. Em seus últimos 20 jogos, venceu apenas um. Com o mesmo time, Rogério Ceni já ganhou duas vezes em apenas três rodadas. Ao escolher um treinador que não teve um bom ano e que tem uma característica que é vista como defeito para quem comanda um elenco de muita qualidade, o Palmeiras passa a seu torcedor a impressão de que trocou seis por meia dúzia. Talvez nem isso.

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