JOGO RÁPIDO

O Palmeiras e a interferência externa

Coluna publicada na edição de 20/4/18 do Correio Popular

Carlo Carcani Filho
19/04/2018 às 19:45.
Atualizado em 22/04/2022 às 04:11

Fiz a seguinte pergunta a alguns amigos palmeirenses: você acha que o Palmeiras deve levar adiante a investigação sobre interferência externa na arbitragem da final do Paulistão mesmo sabendo que o jogo não será adiado ou acha que deve esquecer o assunto? Com exceção de uma torcedora que está mais indignada com o time do que com o quinteto de arbitragem (ela acha que o Palmeiras tinha a obrigação de vencer a partida, em qualquer situação), todos os outros concordam com a postura da diretoria, que inclusive contratou uma das maiores empresas de investigação do mundo para acompanhar o caso. “Isso não é uma questão desportiva, é uma questão de honra. Temos que parar de baixar a cabeça. Não pelo título, mas pela ética”, respondeu um outro amigo que foi à decisão no Allianz Parque. “Deve levar adiante para evitar que isso ocorra de novo”, escreveu um outro. Outros amigos responderam na mesma linha e esse também é o meu ponto de vista. Não se trata do interesse do Palmeiras pelo título perdido. O que importa para o futebol é que a regra não seja mais ignorada e, pior de tudo, apenas em algumas situações. O que leva um auxiliar a buscar informações externas em um lance e não em outros? Quem acompanha a coluna sabe que sou a favor do uso do árbitro de vídeo. O esporte deve recorrer a tudo que possa contribuir para que o resultado mais justo prevaleça. Mas, enquanto esse recurso for proibido, é inadmissível que, em algumas situações, o árbitro tome decisões com base em informações de quem viu o lance pela TV. No caso de Palmeiras x Corinthians, muitos disseram que a decisão foi justa, já que Ralf não cometeu pênalti sobre Dudu. Essa é uma visão equivocada. O árbitro viu a jogada e concluiu que foi pênalti. Ele se equivocou, mas tomou a decisão que julgou correta. O “erro”, aqui, faz parte do jogo. Tudo indica que ele só mudou de ideia, quase dez minutos depois, por influência externa. E isso não foi um “erro” da equipe de arbitragem. Todos eles sabem que não podem tomar decisões assim. Nesse caso, não foi um erro e sim uma deliberada infração à regra com o objetivo, acredito eu, de salvar um erro do juiz. Não é assim que a arbitragem brasileira vai melhorar, muito pelo contrário. É por isso que concordo com a maioria de meus amigos palmeirenses e acho que o caso deve ser levado adiante. Não para mudar o resultado da final, mas apenas para comprovar que, em alguns casos, há sim interferência externa. Comprovar o erro vai inibir que no futuro novos árbitros caiam na mesma tentação de “acertar” de um jeito desonesto.

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