Coluna publicada na edição de 24/8/16 do Correio Popular
Ninguém iniciou a Olimpíada mais favorito do que o Rio de Janeiro na modalidade ‘vexame olímpico’. A Cidade Maravilhosa contava com vários atletas muito bem preparados para transformá-la em uma competidora imbatível: a zika, o transporte público, as obras realizadas em cima da hora, a violência nas ruas, a poluição na Baía da Guanabara e um prefeito engraçadinho, entre outros. Evidentemente, uma cidade tão preparada para dar errado não passaria por um evento desse porte sem alguns tropeços. O estado da Vila Olímpica na recepção aos atletas foi lamentável, assim como os furtos a integrantes das delegações estrangeiras. Já as filas registradas nos primeiros eventos só diminuíram quando houve um relaxamento na revista do público (o que poderia ter provocado problemas maiores). Todos sabemos que, em breve, alguns problemas envolvendo dinheiro público vão surgir. Mas, no campo esportivo, a Olimpíada foi bem. Agradou brasileiros e estrangeiros, foi divertida, competitiva e marcante. Quem, então, levou o ouro de “vexame olímpico”? O campeão, vejam que surpresa, veio dos Estados Unidos. Ryan Lochte foi imbatível. Depois de se divertir em uma festa, o nadador tomou uma decisão tola, da qual vai se arrepender para sempre. Sob influência do álcool, armou uma confusão em um posto de gasolina e tentou deixar o local sem pagar o prejuízo. Só conseguiu sair depois de, pressionado por seguranças, acertar a conta. Se terminasse por aí, seria só uma história de zoação depois de uma festa. Mas Lochte foi além. Ele inventou que foi assaltado e que teve uma arma apontada para a cabeça. Isso infelizmente acontece com frequência no Rio, mas se a vítima tem 12 medalhas olímpicas a repercussão é maior. O assalto foi assunto no mundo. A imagem do Rio foi arranhada. As outras delegações ficaram preocupadas com a segurança de seus atletas. A polícia, porém, logo percebeu que era uma história al contada. E câmeras de segurança comprovaram a farsa. Lochte, para não dar chances aos concorrentes no ‘vexame olímpico’, continuou mentindo. Deixou o País antes de ter que se explicar com a Justiça brasileira, mas não escapou impune. Foi duramente criticado nos Estados Unidos. O Comitê Olímpico norte-americano qualificou o caso como “inaceitável” e que a atitude “não representa os valores do Time EUA”. Lochte também perdeu contratos de antigos patrocinadores. Estima-se que o prejuízo ficará entre 5 e 10 milhões de dólares. E é certo que ele receberá também uma punição esportiva do mesmo Comitê Olímpico. Lochte passou vergonha. E roubou a nossa medalha.