O comportamento em campo de alguns árbitros brasileiros beira o ridículo. O apito lhes dá uma falsa sensação de poder e eles gostam de ter essa autoridade. Mais que isso, a impressão que se passa é que os homens de preto adoram aparecer mais que os jogadores, a bola, a torcida e até a imprensa nos campeonatos.De uns tempos para cá, exibir um simples cartão amarelo virou uma forma de autopromoção. Como se alguém tivesse lhes dado uma aula de marketing pessoal. “Apite a falta, faça cara de bravo, gesticule em tom de reprovação, olhe feio, conte até cinco para esperar a TV focar seu rosto direitinho e aí, sim, mostre o cartão”, deve ser a orientação do professor naqueles cursos promovidos pelas federações que sempre vemos antes dos torneios. E quando o jogador dá as costas antes de receber a advertência, aí o juiz vira uma fera. Apita, corre atrás e estica o braço com mais vontade ainda.É uma versão moderna — porém sem os mesmos trejeitos — do Margarida, mas este, pelo menos, vestia a carapuça de forma honesta, assumindo o papel folclórico antes mesmo de a partida começar. Os de hoje iniciam as pelejas de um jeito e mudam o comportamento conforme o desenrolar em campo. E essa é a pior parte.Porque há jogos e jogos. Tem aqueles que são disputados de forma acirrada, às vezes até com violência, e que precisam de uma arbitragem mais rigorosa. É prato cheio para esse tipo de apitador. Mas também tem aqueles jogos disputados com lealdade de ambas as partes e que transcorre naturalmente até certo ponto. Mais precisamente, até o exato momento em que o assoprador de apito resolve usar o instrumento de trabalho e ser o centro das atenções. O estraga-prazeres para o jogo em lances bobos, a todo o tempo. Ele implanta a semente da revolta nos atletas, que reclamam e, consequentemente, recebem o cartão amarelo.Convenhamos, se a alegria do jogador é fazer gols, a do apitador é distribuir cartões. É pra isso que ele é pago. Para “controlar o jogo”, como dizem os especialistas. Aliás, antes, os comentaristas de arbitragem diziam que “o bom árbitro é aquele que passa despercebido em campo”. Hoje, eles criam polêmica onde não existe, o que acaba instigando os apitadores a cometerem as atrocidades que cometem nas partidas seguintes.Mas o que esperar desses especialistas se eles vêm da mesma escola do egocentrismo? Se a regra fosse realmente clara, não precisava de ninguém querendo aparecer mais que o narrador.