Coluna publicada na edição de 25/8/2016 do Correio Popular
A bandeira olímpica já chegou a Tóquio, cidade na qual o Brasil vai tentar quebrar os recordes que estabeleceu na Rio-2016. Em casa, como esperado, o País obteve seu melhor desempenho nos Jogos. No geral, foram 19 medalhas, duas a mais do que Londres-2012. O recorde anterior de títulos olímpicos foi registrado em Atenas-2004: 5. Na Rio-2016, foram sete ouros. Em casa, o Brasil competiu com um número muito maior de atletas, mas isso, como esperado, não resultou em um número muito maior de medalhas. A quebra dos dois recordes, porém, foi um resultado satisfatório. Não foi nenhum fato espetacular, mas também não é um feito qualquer. Sinaliza uma tendência de crescimento. Lenta, mas é uma tendência. Desde Atenas-2004 que o número de medalhas vem crescendo, coisa que o Brasil nunca tinha conseguido fazer em quatro Olimpíadas consecutivas. Evidentemente, para um País que adora esporte e tem mais de 200 milhões de habitantes ganhar 19 medalhas é pouco. Nesse ponto, chegamos a um velho e ao que tudo indica insolúvel problema. O Brasil gasta muito e ainda gasta muito mal. Em Campinas mesmo temos um exemplo que se repete pelo País afora. O Centro Esportivo de Alto Rendimento que deveria estar pronto há anos cumpre o seu papel apenas no atletismo, que conta com o gerenciamento do Instituto Vanderlei Cordeiro de Lima. No mais, não existe nada de alto rendimento. O COB investiu R$ 1,9 bilhão na preparação para a Rio-2016. É o dobro do que foi gasto em Londres, onde o Brasil conquistou apenas duas medalhas a menos. Esse é um sinal claro de que o dinheiro não está sendo bem aproveitado. Nesse modelo, o País até vai conseguir algumas medalhinhas a mais em Tóquio-2020. Mas despejar milhões aqui e ali não é garantia de sucesso. Vejam o caso da natação, que recebeu R$ 122 milhões e não ganhou nenhuma medalha na Rio-2016, o que não acontecia desde Atenas-2004. É evidente que o esporte de alto rendimento precisa de recursos. Isso não se discute. Mas uma grande revolução só vai acontecer quando o Brasil levar o esporte — de verdade — para escolas e universidades públicas. O modelo que apresenta os melhores resultados é conhecido há décadas. Os Estados Unidos não têm mais de mil medalhas de ouro por acaso. É difícil implantar algo semelhante no Brasil? Não tenho dúvida. Mas o retorno seria muito maior do que vimos na Rio-2016 e os benefícios não ficariam restritos a uma boa classificação no quadro de medalhas.