JULIANNE CERASOLI

O milagre de Monza

Julianne Cerasoli
faleconosco@rac.com.br
07/09/2013 às 18:10.
Atualizado em 26/04/2022 às 00:48

Sete vitórias para Ayrton Senna, quatro para Alain Prost e nenhuma falha mecânica daquele considerado um dos melhores carros da história da Fórmula 1, o McLaren-Honda MP4-4. Aos rivais, restava a luta pelo terceiro lugar naquela temporada de 1988, que viria a dar o primeiro dos três títulos ao piloto brasileiro. Mas Monza é Monza.Tudo apontava para outro passeio dos carros vermelhos e brancos naquele GP da Itália. Senna e Prost haviam dominado os treinos, largado na primeira fila e adotado um ritmo alucinante em mais um capítulo da briga interna que marcaria a temporada, com o brasileiro à frente. Logo atrás, vinham as Ferrari de Gerhard Berger e Michele Alboreto, empurradas pelos tifosi e pela missão de honrar a escuderia naquela que era a primeira prova da equipe sem seu fundador, Enzo, que havia falecido semanas antes, aos 90 anos.O primeiro capítulo daquele inacreditável domingo em Monza foi a falha no motor de Prost, que abandonou com um problema nas válvulas. Informado sobre a quebra do companheiro, Senna é instruído a diminuir o ritmo e adotar uma mistura mais rica de combustível. Por um lado, isso pouparia o motor; por outro, aumentaria o consumo. Àquela altura, o brasileiro tinha 28 segundos de vantagem para o segundo colocado.Também sabendo do primeiro grande drama do ano para a McLaren, Berger acelerou. Acelerou para tentar chegar em Senna, mas também para prevalecer no duelo interno com Alboreto, que vinha logo atrás e não demonstrava qualquer vontade de obedecer ordens de equipe, uma vez que a contratação de Nigel Mansell para 1989 já estava acertada.Com duas voltas para o final, Berger aparecia no retrovisor de Senna, que se preparava para dar a segunda volta em Jean-Louis Schlesser. Foi então que o segundo e mais improvável capítulo daquela tarde aconteceu: na primeira chicane, Senna freou para ultrapassar o retardatário, que fritou pneus, perdeu o carro na zebra e atingiu a McLaren em cheio. Senna rodou e abandonou, vendo as Ferraris tomarem a liderança e conquistarem a tão sonhada “doppietta” em casa diante de 200 mil torcedores.Mas a ópera ainda teria seu epílogo, quando medições feitas após a prova mostraram que a capacidade do tanque da Ferrari vencedora da Berger estava ligeiramente acima dos 150 litros permitidos. Alguém apontou que o chão ali não era plano e, depois de nova checagem, chegaram aos 149,5 litros. Três horas depois da chegada, o milagre de Monza estava confirmado. E a McLaren sofreu o que seria a única derrota daquele ano.

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