JOGO RÁPIDO

O mérito em primeiro lugar

Coluna publicada na edição de 16/5/19 do Correio Popular

Carlo Carcani Filho
16/05/2019 às 01:00.
Atualizado em 03/04/2022 às 20:49

Entidades e clubes do futebol europeu estão em pé de guerra. A Associação Europeia de Clubes defende que 24 das 32 vagas da Liga dos Campeões pertençam aos maiores clubes do continente em todas as edições, independentemente de suas performances nos campeonatos nacionais. Dessa forma, o maior torneio do planeta nunca correria o risco de ficar sem a presença de clubes como Manchester United, Milan, Arsenal, Inter e alguns outros gigantes que de vez em quando não conseguem se classificar. A princípio, a ideia parece atraente, mas não tenho a menor dúvida de que se essa ideia for à frente as consequências para o futebol europeu serão graves. Ontem, ligas que representam clubes das principais divisões da Alemanha e da França rejeitaram a proposta de “elitização” da Liga dos Campeões. E o argumento é muito forte. Quem é contra ideia diz que a mudança vai enfraquecer todas as ligas nacionais. A leitura é correta. O Campeonato Italiano está a duas rodadas do final e Inter, Atalanta, Milan e Roma estão separados por apenas quatro pontos. Em jogo, duas vagas na próxima Champions (Juventus e Napoli já estão classificados). As rodadas finais serão empolgantes, a audiência das partidas envolvendo os quatro será enorme e todos vão se entregar ao máximo em busca de um objetivo muito importante, tanto do ponto de vista esportivo como financeiro. O que aconteceria com o Italiano (e outros campeonatos) se o Milan sempre se classificasse, mesmo terminando em 10º, como aconteceu em 2015? Que motivação teria a Atalanta, o Napoli e outros clubes que de vez em quando realizam grandes campanhas? O campeonato perderia a graça, gigantes em má fase se acomodariam na mediocridade e o campeonato perderia sua razão de ser para médios e pequenos. “As mudanças não devem comprometer a relevância e o futuro das ligas nacionais europeias. Isso prejudicaria a sustentabilidade de todo o futebol europeu e isso nunca pode ser do interesse da Uefa”, argumentou o presidente da Bundesliga, Christian Seifert. Os clubes grandes já possuem enormes vantagens financeiras sobre a maioria dos concorrentes. Ganham mais da TV, na renda, na venda de produtos e nos patrocínios. Não é justo que tenham vaga garantida na Champions, ocupando em algumas situações vagas de times que realizaram melhores campanhas. Atualmente, as vagas na Liga dos Campeões são conquistadas por mérito. Isso não pode mudar.

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