Eu tenho uma opinião de que o rali é a modalidade mais perigosa entre esportes a motor. Ele é de velocidade, num percurso desconhecido, passando por trechos sem áreas de escape ou barreiras de proteção. A equipe médica tem de cobrir uma volta de até 800 quilômetros diários, e são vários dias de prova, provocando a fadiga, que é inimiga da atenção e dos reflexos. Para completar, competem juntos carros, motos, caminhões, quadriciclos e UTVs. No caso da versão africana do Dakar, ainda havia um adicional: os terroristas, o que inclusive provocou o cancelamento da prova em 2008 e sua mudança de cenário da prova para a América do Sul. Mas os competidores e organizadores não são aventureiros. Eles estão mitigando os riscos e privilegiando a segurança. A organização destaca os pontos críticos do percurso nas planilhas e briefings. Uma equipe médica monitora e sobrevoa a prova em helicópteros, dando apoio à estrutura de segurança terrestre. Todos os veículos têm rastreadores instalados, que ajudam a localização e funcionam como um radar virtual nas zonas de controle de velocidade (áreas com população local, agrícolas ou de preservação). O regulamento estabelece a utilização de uma série de equipamentos de segurança como gaiolas de aço, bancos e cintos especiais, sistemas de combate a chamas, protetores cervicais, macacões, luvas, botas e sapatilhas que protegem contra o fogo, além do tradicional capacete. Hoje, tudo isso é diariamente vistoriado porque, no passado distante, quando o automobilismo brasileiro ainda era extremamente amador, muitos competidores fugiam com o carro da mãe na calada da noite, instalavam ‘gaiolas’, e no lugar dos tubos de aço eram colocados tubos de PVC. Ainda bem que o principal equipamento de segurança já vem instalado, não custa nada e está sempre em dia. Deus é grande e sempre está protegendo a todos.