Neve que cai no mês de agosto é a melhor para praticar esqui na cidade argentina
( Divulgação)
Conhecida como a Suíça argentina, pelo clima e construções em estilo alpino, São Carlos de Bariloche, ou simplesmente Bariloche, se mantém entre os principais destinos de Inverno. Pela proximidade do país vizinho, a cidade é ainda mais interessante para o turista brasileiro. Apesar de estar no extremo Sul da Argentina, a 1,6 mil km de Buenos Aires, chegar a Bariloche é tranquilo. Do Aeroporto Internacional de Guarulhos até a capital Argentina são quase três horas de voo, e de lá, pouco mais de duas horas. O turista de primeira viagem não precisa se preocupar em falar espanhol. Bariloche é um dos destinos mais queridos pelos brasucas. O Brasil é responsável por 20% do fluxo de visitantes na temporada de Inverno. Desse total, quase 60% são paulistas. Por isso, basta abrir a boca em um estabelecimento para logo ser identificado por um hermano: “Paulista?”, perguntam. A cidade de 160 mil habitantes vive basicamente do turismo e, ao contrário do que acontece em um campo de futebol, o povo se empenha na simpatia e no atendimento. Conhecida como capital turística da Patagônia, Bariloche fica no estado de Rio Negro, e é rodeada por uma paisagem única do Parque Nacional Nahuel Huapi, uma reserva que guarda a biosfera andino-norpatagónica (andino norte-patagônica). Sua vizinha mais próxima, Villa La Angostura, fica a 90 quilômetros, do outro lado do Lago Nahuel Huapi. É bem abastecida pelo comércio e serviços, com várias lojas, chocolaterias e restaurantes que se concentram nas vias Mitre e Bustillo. Apesar da esplendorosa paisagem com seus picos de neve eterna e da alta temporada ser justamente no Inverno, principalmente nos meses de julho e agosto, há muitas opções na cidade para serem exploradas pelos visitantes, além do esqui e das atividades na neve. A diversidade da vegetação, formada principalmente pelas estepes, torna o lugar em um cenário perfeito para práticas esportivas como o trekking, rafting, a cavalgada e o mountain bike, que podem ser praticados durante todo o ano. Além disso, os organizadores de feiras e eventos já descobriram Bariloche como endereço também para turismo de negócios. E um dos importantes fatores que possibilita a conectividade da cidade com toda a Argentina e países vizinhos, é o Aeroporto de Bariloche, que recebe, inclusive, voos charters do Brasil e do Uruguai. Localizada a 760 metros de altitude, a cidade é repleta de lagos em razão de ser a cabeceira do Cruze Andino dos Lagos — início da junção de lagos de águas glacias que possibilita a travessia entre Argentina e Chile, desembarcando em Puerto Varas, na região de Los Lagos, no lado chileno. São porções de água ideais para pescados típicos de baixas temperaturas. Um dos lagos mais emblemáticos é o Nahuel Huapi, que curiosamente os guias locais dizem que brasileiros não conseguem pronunciar como se deve. Seu nome significa: Ilha dos Tigres, na verdade, Ilha dos Pumas. Neve idealBariloche oferece um dos maiores centros de esqui da Argentina e de toda a América Latina, com teleféricos, abrigo e infraestutura completa para esqui e snowboard, por onde passam, por ano, 600 mil turistas. É o Cerro Catedral Alta Patagonia, no Parque Nacional Nahuel Huapi, montanha de 3,5 mil metros de altura com 60 pistas de esqui, 400 instrutores, 20 restaurantes e base com estacionamento para 7 mil veículos. A melhor época para desfrutar dos esportes de neve se inicia este mês e vai até setembro, quando tudo é mais calmo e a neve apresenta excelente qualidade. A temporada 2015 foi iniciada no final de junho. Em julho, durante a alta temporada, 90% dos visitantes são argentinos, 8% brasileiros e 2% chilenos. A estação se transformou em referência em atividades na neve no país, título conquistado ao longo de 70 anos de atividades. Operada por uma empresa particular, a montanha tem capacidade para receber 38 mil visitantes por hora, graças ao plano de modernização de sua operação iniciado em 1996. O acesso ao pico é providenciado por 39 meios de elevação, entre trilhas e teleféricos para 25 pessoas que sobem a montanha a cada 15 minutos. Peter Somweber, representante institucional do Cerro Catedral e cônsul da Áustria, conta que entre as novidades deste ano estão 12 canhões, que proporcionam neve independentemente das condições climáticas. A tecnologia possibilita a prática do esquibunda com uso de boias na base da montanha. São muitas opções de divertimento para a família, e para conhecê-las a empresa oferece um tour gratis de uma hora pelo local. Um único dia não é suficiente para desfrutar de todas as opções. A dica é comprar ingressos para três ou mais dias. Crianças menores de quatro anos têm serviço kids incluso. O preço médio na montanha para aula coletiva, esqui e fast food é de 150 dólares por pessoa. Joia do bosqueEm uma cidade com nada menos que 24 mil leitos, destaca-se o Llao Llao, o mais luxuoso dentre os 450 estabelecimentos hoteleiros de Bariloche. A 25 quilômetros do Centro, o resort “se esconde” em meio ao Parque Municipal Llao Llao, um bosque de 15 mil hectares e três lagos: Nahuel Huapi, Escondido e Moreno. Fundado em janeiro de 1938, guarda muito de sua herança histórica. O lounge é dominado pela mais pura madeira de lei do piso ao teto. A movelaria em marchetaria e pele de cervos marcam o design de interiores e mesclam o melhor do estilo campestre com as facilidades do mundo moderno. Wi-fi, ambientes climatizados e chaves magnéticas contrastam com lustres e puxadores desenhados com galhadas de ruminantes. Originalmente construído em estilo canadense, o hotel trazia, no início de sua operação, telhas de larício e base em pedra projetada pelo arquiteto Alejandro Bustillo. Com 132 quartos e apartamentos marcou o início da hotelaria de padrão internacional e o desenvolvimento turístico da região. Em outubro de 1939, um incêndio consumiu todo o hotel. No ano seguinte foi reinaugurado como Gran Hotel Llao Llao. Após quase quatro décadas, a falta de manutenção o levou a fechar suas portas, em 1978. Quinze anos mais tarde, o resort teve sua terceira reinauguração, e se transformou no Llao Llao Hotel & Resort Golf SPA. A ala Bustillo oferece 162 quartos, 11 estúdios e 12 suítes. Em 2007 foi inaugurada a ala Lago Moreno, que dispõe de 23 estúdios de luxo, 17 suítes de luxo, 2 suítes de luxo master e uma suíte de luxo royal. A nova ala é conectada às demais dependências por passarelas envidraçadas e elevadores panorâmicos. Seja da ala Lago Moreno ou Bustillo, os hóspedes fazem o desjejum no Grande Salão Llao Llao, cuja decoração refinada é um deleite a cada manhã. Revestido com quatro tapetes de 10 metros por 10 metros, cortinas de dupla altura e doze espetaculares lustres de 20 lâmpadas cada, o salão oferece vista para o lago, monte e campo de golfe. Além dos restaurantes com a gastronomia típica da Patagônia, há, ainda, o Lobby Bar onde é possível abrir o apetite com a coquetelaria clássica da região, que traz como particularidade, drinques à base de destilados. Ana Carla Polla, gerente comercial, conta que em julho, na alta temporada, a média de ocupação é de 90%. O perfil é de hóspedes multigeracionais graças às várias atrações do resort, que oferece spa e spa kids. Os casais correspondem a 75% das reservas. “Muitos são atraídos pelo campo de golfe de 18 buracos, um dos mais bonitos da Argentina”, conta. O resort conta com uma marina para a prática de caiaque e windsurfe no Verão, que na Patagônia tem dias longos com claridade até às 21h e temperaturas entre 25 graus centígrados durante o dia e 15 graus à noite. Além da marina, o Llao Llao conta com um complexo com campo de golfe de 18 buracos, praia, solário, um parque de 15 hectares, duas piscinas, health club com sauna, business center, fitness center e salas de jogos para adultos e crianças. Visitas obrigatórias Visitar Bariloche e não conhecer algumas ilhas ao longo do Lago Nahuel Huapi, é como ir ao Rio de Janeiro e deixar de visitar o Corcovado. O passeio à Isla Victoria é praticamente obrigatório. Sorte do turista que não irá se arrepender da vista encantadora e da navegação pelas águas claras e frias de um gigantesco lago glacial que chega aos andes chilenos. A melhor embarcação é o catamarã da Cau Cau, que parte em pelo menos dois horários de Puerto Pañuelo, a 25 quilômetros do Centro de Bariloche, bem próximo ao Hotel Llao Llao. Adentrar no Parque Nacional Nahuel Huapi requer o pagamento de uma taxa de visitação de aproximadamente R$ 25,00, que não está inclusa no valor do barco. Há passeios o dia todo com serviço incluso ou opção de meio período com aperitivos à parte. Durante 35 minutos de navegação até a primeira parada, os navegantes apreciam cenários de montanhas com picos nevados em uma paisagem deslumbrante. As acomodações são aconchegantes, a começar pelos estofados na parte superior da embarcação. O fechamento do ambiente é feito em vidro, recurso que permite avistar a paisagem sem sair do aquecimento interno, exceto nos momentos em que se deseja ir à proa para alimentar as aves marinhas. As gaivotas já aprenderam a dar rasantes para abocanhar pão ou outros petiscos das mãos dos turistas mais corajosos. Guias fotografam a façanha e depois comercializam as fotos. Na Isla Victoria, o passeio guiado é uma oportunidade para aprender sobre a vegetação trazida para o arquipélago. Diferentes tipos de árvores foram introduzidas na ilha formando um bosque peculiar de eucaliptos, diferentes coníferas e gigantes sequoias. Alamedas inteiras ladeadas por árvores da mesma espécie são um convite à caminhada. O passeio dura, em média, uma hora. A próxima parada, o Bosque de Arrayanes, fica a poucos minutos da Isla Victoria. Uma estrutura de madeira, parecida com deck, circunda a trilha visitável do bosque, e pode ser percorrida em 30 minutos. A temperatura é de oito graus, mas com sensação mais baixa graças à umidade, e costuma chuviscar no Inverno. Apesar do frio, não há como negar que o passeio é deslumbrante. Formações de bosque “encantado” serviram de inspiração para a animação Bambi, de Walt Disney. E parece mesmo uma floresta de conto de fadas, com suas árvores retorcidas de troncos dourados. Há até uma cabana no bosque para aquecer os visitantes com muito chá e tortas. Em agosto Bariloche promove Festa Nacional da NeveDe 15 a 17 de agosto, Bariloche receberá os turistas com um programa completo de shows e atividades de Inverno. A cidade programou muita música no centro e no Cerro Catedral: atividades culturais, gastronomia local, regional e internacional, passeios por cenários de tirar o fôlego, desfiles e algumas surpresas aguardam os visitantes nesses três dias. No período, Bariloche celebra a 45ª edição da Festa Nacional da Neve, o maior acontecimento de inverno da Argentina.“Até nós, argentinos, consideramos que o nome da cidade está mais para Brasiloche com tantos turistas brasileiros que recebemos nessa época do ano”, explica Fabian Szewczuk, Secretário de Turismo de Bariloche, que aponta outra grande vantagem para o turista brasileiro: o câmbio favorável e a facilidade de efetuar a troca em inúmeras casas de câmbio espalhadas pela cidade. No último dia dos festejos, Bariloche irá anunciar a Rainha Nacional da Neve, “num encerramento que promete ser inesquecível”, garante o secretário.Pernoite em CumbicaOs campineiros que partem às 20h da rodoviária ou do Largo do Pará, no último ônibus direto para o Aeroporto Internacional de Guarulhos/Cumbica, e que só irão embarcar na manhã seguinte — meu caso com voo para Buenos Aires às 8h —, não precisam se preocupar em ficar de olho nas malas.Tampouco ser assombrados pelo risco de furto ao menor sinal de cochilo. Ao invés de se encostar no ombro do parceiro ou ficar lutando contra o sono à base de cafeína, uma opção é pernoitar em um hotel dentro do próprio aeroporto. Dei entrada no Fast Sleep Guarulhos na ala nacional do terminal 2, por volta das 22h30. Deixei minha mala enorme dentro da cabine de quatro metros quadrados com beliche e fui jantar despreocupada. Depois de andar um pouco pelo aeroporto, retornei para dormir, até ser acordada pelo serviço de despertador. No dormitório, pude acessar a internet, tinha ar-condicionado, TV, água e tomadas para carregar aparelhos eletrônicos. Minha unidade não tinha banheiro. Usei um que fica no corredor. Uma vez lá dentro, é sua vez do banho, secador e um espelho enorme para o make up. As cabines são alugadas por hora a partir de R$ 75,00. São dois desses hotéis em Cumbica, ambos operados pela rede Slaviero Hotéis. O segundo fica na ala internacional, na sala de embarque. Uma ótima opção. A jornalista viajou a convite das Aerolíneas Argentinas, Interpoint operadora e Llao Llao