Gustavo Gumiero, colunista ( Cedoc/ RAC)
Respeitável público, vai começar o maior espetáculo da Terra, o maior de todos os tempos. Não, não é nenhuma apresentação circense, muito menos um grande show reunindo os maiores nomes da música mundial. É o evento da crucificação. Brincadeiras à parte, fico a imaginar se esta cerimônia ocorresse na época atual. A mídia mundial estaria mobilizada para uma cobertura sem igual. Repórteres e mais repórteres se juntariam em Jerusalém para acompanhar o grande show. Multidões de peregrinos, fiéis e seguidores procurariam pelos ingressos que já estariam há algum tempo esgotados, pois os mais famosos e os mais ricos já teriam exercido sua opção de preferência. A elite mundial, privilegiada por ver o grande acontecimento sentada em poltronas confortáveis mais próximas da cruz, não cessaria de tirar fotos, selfies e publicar tudo o que pudesse, incluindo pequenos vídeos, em seus respectivos perfis nas redes sociais, para ser compartilhado pelo maior número de pessoas possíveis. O evento duraria algumas poucas horas, suficientes para não cansar o público que não abre mão do conforto. Já com a liturgia tendo sido realizada e a morte concretizada, e com os lugares esvaziados, aqueles que não conseguiram o ingresso entrariam no show e fariam seus selfies com Jesus pregado na cruz ao fundo, certamente para publicar aos seus amigos. Enquanto isso, os debates nas redes de televisão do mundo ficariam cada vez mais acalorados. Depois de três dias, a cobertura ganharia ainda mais força. Relatos de uma suposta aparição do crucificado mobilizariam reportagens investigativas para averiguar se esses relatos eram verídicos e dignos de confiança. E o grande buscador mundial mobilizaria todas as buscas: Jesus ressuscitou? Quem foi Jesus? Fico também imaginando quem seria o Pôncio Pilatos da vez. Concorrentes para a vaga é o que não faltam. O mundo está cheio de pessoas que não cumprem sua palavra, que lavam suas mãos e se esquivam de qualquer compromisso sério. Mas ainda há a esperança de que as palavras do mestre e profeta brotem de nossas vidas em ações para o bem do próximo. De tudo o que há de importante, ele já resumiu que o mais é amar a Deus acima de todas as coisas e o próximo como você ama a si mesmo.