O lixo que virou bar

Quem passa despercebido pela Rua Hermantino Coelho, dependendo da hora do dia, deve até pensar que na esquina com a Rua Mário Reis há um grande lixão ou depósito de objetos abandonados. Tem sofá, cama, carrinho de supermercado, porta de carro… E tudo a céu aberto. No fim da tarde é que toda aquela parafernalha ganha vida. Ali funciona uma distribuidora de bebidas com um conceito diferente de tudo aquilo que você já deve ter visto. Tão inusitado que virou um novo point de Campinas, no bairro Mansões Santo Antônio. A Embrev Distribuidora & Delivery, inaugurada numa mística sexta-feira 13 (de abril), foge do convencional em todos os sentidos. A começar pelo seu nome. “Era para a obra ter ficado pronta no Carnaval e não acabava. Aí resolvemos abrir sem nome mesmo, falando que em breve inauguraria. Virou Embrev e pegou. É uma obra que não termina nunca, está em constante mudança”, conta o dono do estabelecimento, Rodrigo Lima, ou simplesmente Digo, que cuida da distribuidora com seus amigos Roy Bento, Joana Oliveira e Michel Moreira. Por mais estranho que possa parecer, o ar de obra inacabada e de improviso acaba sendo o grande cartão de visitas do bar, que tem lotado diariamente. A decoração do espaço com artes em grafite é um convite para fotos descoladas dos frequentadores. A própria estrutura do local chama a atenção por fugir do trivial. Esqueça as mesas de madeira ou cadeiras de plástico que você está acostumado a ver nos bares e botecos da cidade. Na Embrev, tem horta coletiva para os moradores do bairro, carrinho de supermercado como base de gazebo, bicicleta velha como decoração, forno de micro-ondas e barris de óleo como banco, porta de carro como suporte de mesa e até mesa de costura da avó de Digo como base. “Meus pais foram viajar por três meses e eu peguei tudo que tinha em casa. Os objetos e a tinta são sintéticos, mas a arte é natureza humana. E é por isso que por mais que tenha um monte de lixo, nos sentimos confortáveis, em meio à natureza e envoltos de arte e amor”, comenta Digo, que buscou inspiração para decoração do bar no documentário “Lixo Eletrônico”, do artista plástico Vick Muniz. “Me apaixonei pela proposta de fazer obras de arte com lixo, algo que vi também em muitos hostels e projetos de prefeituras em viagens de mochileiro que fiz pela África”, explica. Quando bate aquela fome, a Embrev sempre tem algum food truck vendendo lanches – nesta semana até o famoso Buzina, de São Paulo, esteve por lá. A única hora ruim do dia é quando o som do bar toca pontualmente às 22h a cantiga popular “Nana Neném”. É um sinal para pedir a saideira. Embrev Local: Rua Hermantino Coelho, 920, Mansões Santo Antônio. Telefone: (19) 9-8816-1446 Facebook: facebook.com/Embrevbebidas Instagram: @embrev Abre de terça-feira a domingo, das 16h às 22h Foto por: Leandro Ferreira Foto por: Leandro Ferreira Exibir legenda 1100

O ar de obra inacabada e de improviso acaba sendo o grande cartão de visitas do bar, que tem lotado diariamente: a decoração do espaço com artes em grafite é um convite para fotos descoladas dos frequentadores.

O ar de obra inacabada e de improviso acaba sendo o grande cartão de visitas do bar, que tem lotado diariamente: a decoração do espaço com artes em grafite é um convite para fotos descoladas dos frequentadores.