Pensamento verde

O lixo no seu devido lugar

Estre, de Paulínia, leva a educação ambiental a 35 mil crianças por ano e capacita professores

Projeto Ambiental
18/10/2013 às 14:57.
Atualizado em 26/04/2022 às 05:34

Despertar nas crianças a consciência ambiental e disseminar conhecimentos sobre sustentabilidade e responsabilidade social. Esses são alguns dos objetivos do Instituto Estre de Responsabilidade Socioambiental, uma organização de sociedade civil de interesse público (Oscip) da empresa Estre Ambiental. A entidade, que atua em Paulínia, atende cerca de 35 mil crianças por ano e tem como foco a cidadania. “O Instituto foca na educação ambiental. Nosso objetivo é mudar a consciência das pessoas em relação ao consumo e aos resíduos. É um trabalho de cidadania”, diz Adriana Norte, gerente institucional do Instituto Estre. Adriana conta que o objetivo dos educadores é estimular a melhoria da qualidade de vida e a preservação do meio ambiente por meio da educação ambiental. O Centro de Educação Ambiental de Paulínia atende seis turmas por dia. A partir de abril, o instituto irá ampliar os seus atendimentos. “Vamos atender uma média de 12 mil alunos, também no período noturno, a partir de abril. Antes, os atendimentos eram feitos apenas de manhã e de tarde”, diz Adriana. As aulas são direcionadas a estudantes e professores da Educação Básica, com metodologia própria. De acordo com o balanço divulgado pela entidade, em 2012, foram atendidas cerca de 34.261 crianças e adolescentes, e 4.146 professores receberam treinamentos para disseminar nas escolas e comunidades em que atuam. Além desses atendimentos, o instituto realiza uma série de atividades e eventos. “Esse trabalho muda a mentalidade das crianças em relação a consumo e a reaproveitamento de resíduos. Depois de visitarem o instituto, elas passam a ter uma visão crítica sobre o lixo”, comenta a professora do Ensino Fundamental Melissa Laila dos Santos, de Cosmópolis. Um dos pontos altos das aulas é a palestra realizada em uma grande maquete para que as crianças possam visualizar como é toda a cadeia do lixo e qual o impacto de disposições inadequadas no meio ambiente. São retratados no local, um aterro sanitário nos moldes que a Estre Ambiental tem, e um lixão. A maquete simula de forma perfeita uma cidade, com luzes e outros efeitos, atraindo a atenção da garotada. O coordenador de projetos do Instituto Estre, William de Souza, diz que os programas desenvolvidos no local propõem uma discussão “mais reflexiva sobre o lixo”. No Programa de Oficinas Pedagógicas, por exemplo, os educadores e monitores levam os participantes a pensarem sobre suas responsabilidades ao consumir bens e descartar resíduos. “Utilizamos metodologia diferenciada, com materiais lúdicos”, completa Souza. No final do ano passado, a entidade lançou o livro Reflexão e Prática em Educação Ambiental. “O livro conta um pouco sobre o trabalho feito na entidade. Foram 2 mil unidades com textos produzidos na Oficina de Texto e artigos de todos os educadores ambientais”, conta a gerente Adriana. Para Souza, o grande diferencial do programa é que ele continua depois na escola. “As crianças replicam a informação dentro da escola, com a continuação das atividades, e levam para dentro de casa e da comunidade”, afirma. O envolvimento da sociedade também se dá em outras frentes. O Instituto Estre mantém dois viveiros com capacidade para produzir 80 mil mudas por ano e realiza um programa de doações a interessados no plantio de árvores em áreas urbanas. Entenda Aterro sanitário - Local de disposição de resíduos sólidos urbanos e industriais não perigosos, com proteção ao solo e lençol freático, o que permite seu confinamento seguro em termos de controle da poluição ambiental e proteção à saúde pública. Chorume - Resíduo líquido altamente poluidor que resulta da decomposição anaeróbia da parte orgânica dos resíduos sólidos (lixo). Coleta seletiva - Uma alternativa de coleta de resíduos que prevê uma etapa inicial de separação dos tipos de materiais descartados antes de destiná-los à reciclagem, evitando o envio para aterros sanitários e/ou lixões. Combustíveis fósseis - Denominação dada a materiais formados a partir de restos orgânicos fossilizados que liberam grande quantidade de energia em sua queima. Incluem petróleo, gás natural e carvão. Compostagem - Técnica de obtenção de composto fertilizante (húmus) a partir da mistura de terra e restos de vegetais e animais em decomposição, de origem conhecida e controlada, evitando a existência de contaminantes. Consumo - No contexto deste caderno, consumo é o fornecimento, utilização e fruição de produtos e serviços para um grupo social, nos padrões que o referido grupo considera necessários pra prover suas necessidades básicas e seu bem-estar social. Decomposição - Processo de transformação química da matéria orgânica em compostos simples, com resultante liberação de energia. A decomposição é realizada pelos fungos e bactérias. Quando acontece em presença de oxigênio, é chamada decomposição aeróbia. Na ausência de oxigênio, a decomposição é anaeróbia.  Descarte - No sentido tratado neste material, o descarte é o ato de dar destinação aos materiais e mercadorias após sua utilização. Dióxido de carbono (CO2) ou gás carbônico - Gás produzido quando se queima qualquer material contendo carbono em presença de oxigênio. É absorvido pelas plantas e fitoplâncton na fotossíntese e expelido pela respiração dos animais. É um dos gases do efeito estufa.  Efeito estufa - Fenômeno natural em que gases presentes na atmosfera terrestre absorvem parte da energia solar, retendo calor e permitindo a existência de vida na Terra. Tratamento especial gera combustível com resíduos  O Centro de Gerenciamento de Resíduos (CGR) da Estre Ambiental, em Paulínia, é considerado referência nacional. O local recebe os resíduos de 40 cidades, 14 delas da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Além de ter um aterro sanitário considerado referência, uma parte considerável do lixo recebe tratamento especial. Pelo menos mil toneladas por dia são processadas na Unidade de Valorização de Resíduos e cerca de 60% desse volume é transformado em Combustível Derivado de Resíduo (CDR). Apesar de aproveitar ao máximo os resíduos, 70% do lixo doméstico não podem ser reutilizados e acabam tendo como destino o aterro sanitário. No processamento dentro do depósito, todo gás proveniente das inúmeras camadas de lixo já compactadas é canalizado e redirecionado para a Central de Biogás e o metano é queimado, gerando créditos de carbono. Está nos planos da empresa usar esse gás para a geração de energia. O resultado dessa operação poderia, hoje, gerar energia suficiente para abastecer uma cidade como Paulínia. “Esse combustível pode ser usado para alimentar caldeiras em usinas. É uma alternativa ao carvão”, afirma o diretor Alberto Fissore Neto. Referência  O aterro sanitário do CGR é construído usando tecnologia moderna e de forma a atender todos os critérios ambientais. Todo o chorume gerado a partir do aterro do lixo é canalizado para um reservatório, sem entrar em contato com o solo. O material é enviado para a cidade de Jundiaí, onde é tratado. Urubu, Gênio e Gari   Outubro é o mês com mais atividades no Instituto Estre. Durante os 15 primeiros dias do mês, crianças de 4 a 5 anos aprendem conceitos básicos de educação ambiental. A atividade principal é a apresentação de uma peça teatral que explica conceitos como consumo sustentável e gestão de resíduos sólidos. Personagens como um urubu que gosta de chorume, um gênio que transforma gás em energia elétrica e uma gari que enterra tesouros conversam com as crianças a respeito dos subprodutos do lixo.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por