CARLO CARCANI

O leilão do Brinco

Carlo Carcani
29/10/2013 às 21:38.
Atualizado em 26/04/2022 às 08:44

O Brinco de Ouro irá a leilão nesta quarta-feira (30) e a expectativa da diretoria e da torcida é de que nenhum lance seja dado pelo estádio do Guarani Futebol Clube. Pode ser que isso aconteça, pode ser que não. Há mais de dez anos que o Guarani brinca com a própria sorte. Em termos esportivos, parou no tempo. Não está na Série C e na A2 por acaso. Virou figurinha carimbada nessas divisões (as quais nunca visitou durante mais de 50 anos) porque não acompanhou a evolução do futebol profissional.No que diz respeito ao gerenciamento financeiro, se porta de forma absolutamente irresponsável, o que reduz sua credibilidade a zero. Ao analisar o fracasso na Séri C, o ex-técnico Tarcísio Pugliese afirmou que muitos jogadores preferem jogar no Luverdense do que no Guarani. Isso não diminui a responsabilidade do treinador pela campanha decepcionante, mas mostra como o clube perde credibilidade a cada ano. E isso também acontece fora do campo.O leilão do Brinco foi determinado pela primeira vez em 2010. O Guarani argumentou com a Justiça do Trabalho e conseguiu impedir que seu patrimônio fosse vendido para pagar dívidas.O que deveria ter servido como um enorme sinal de alerta para o clube foi solenemente ignorado. O Guarani continuou atrasando salários e, ao invés de se mostrar preocupado em controlar a sua dívida, gerou novos processos.Um novo leilão foi marcado para setembro do ano passado e novamente o clube conseguiu mudar a decisão da Justiça do Trabalho ao oferecer o terreno da Bandeirantes como alternativa. O clube prometeu então vender o terreno para pagar parte de suas dívidas.Mais um ano se passou e o terreno, claro, não foi vendido. Até mesmo o pagamento de uma pequena parcela de R$ 125 mil (valor que equivale a menos de metade dos juros da dívida) deixou de ser efetuado.Para o clube, esse comportamento pode parecer uma estratégia “inteligente” para ganhar tempo. Para a Justiça do Trabalho, porém, essa postura é interpretada como falta de comprometimento de um mau pagador assumido, que só finge estar interessado na solução do problema quando está com a água no pescoço. Depois que o leilão é adiado, tudo volta ao normal.O TRT rejeitou o mandado de segurança para cancelar o leilão porque já percebeu que o único interesse é empurrar o problema com a barriga. O pensamento da Justiça do Trabalho é o mesmo.Pode ser que ninguém se interesse pela compra do patrimônio bugrino através de um leilão hoje. Mas um dia isso pode acontecer caso o Guarani não mude, radicalmente, o seu atrasado e perigoso modo de ser.

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