O Ituano e o pouso

Entrei no Aeroporto Afonso Pena, Curitiba, às 16h, procurando um aparelho de tevê. Não havia um sequer. Mala despachada, tomei um café e fiquei aguardando a hora do voo 4020, pitando um cigarro sob um céu pra lá de azul.Só voltei a lembrar da final do Paulistão quando entrei no avião e vi um passageiro vestindo uma camisa do Corinthians, falante e vibrando como se estivesse entrando no Pacaembu. Quando, finalmente, o avião começou a taxiar, a tevê foi acionada e, foninho nas orelhas, peguei o jogo aos 24 minutos do segundo tempo: um a zero para o Santos. O gol saiu de um pênalti mal marcado quase no final do primeiro tempo, segundo o comentarista televisivo. E foi assim, a quase 8 mil metros de altura que acompanhei a sequência de pênaltis e, depois, a festa do Ituano em pleno Pacaembu.O considerado cronista-estrategista Paulo Vinicius Coelho, o PVC, escreveu, nesta segunda-feira, que “o Ituano tem um bom time. Não é mais do que isso. É coeso, unido, mas não tem craques.” Sei lá o que ele quis dizer com isso. Afinal, se o Ituano tem um bom time é porque tem jogadores que dão conta do recado, mesmo ganhando dez vezes menos do que os jogadores dos grandes times paulistas. Cerca de R$ 400 mil é o que gasta mensalmente a Diretoria (assim, em maiúscula) do Ituano com o seu competente Elenco e Comissão Técnica. Já o centroavante santista Leandro Damião custou R$ 42 milhões ao clube que lhe paga um salário que equivale à folha salarial do Ituano. É o craque que o cronista PVC reclama; e isso me faz lembrar dos craques Alexandre Pato, Ronaldinho Gaúcho, Paulo Henrique Ganso e sei lá mais quem.O Ituano, escrevi na última crônica, é a zebra que ou superou ou ganhou de todos os grandes da Capital e do Litoral e faturou o Caneco Paulista. O santista técnico Oswaldo de Oliveira reclamou que o regulamento da competição foi injusto porque o Santos chegou à final com sete pontos de vantagem e por aí deitou falação irresponsável, visto que deixou claro que ele ou não leu o regulamento ou é um desonesto argumentador. Ou ambas as coisas.Em 2002, ano que marcou o fim do Torneio Rio-São Paulo, o Ituano foi Campeão Paulista. O título jamais foi considerado pela grande imprensa esportiva, pois nenhum dos grandes clubes paulistas disputava o tal campeonato. E eis que agora o Ituano supera o Corinthians, bate o São Paulo, Palmeiras e, por fim, o Santos Futebol Clube. Mas, segundo o técnico Oswaldo de Oliveira, a culpa foi do regulamento. De qualquer forma, o avião pousou macio no Viracopos.