O vandalismo e a educação rasteira de jovens têm deixado marcas indesejáveis por toda a cidade. O fenômeno das pichações em fachadas de prédios acontece em todo o mundo, sendo mais grave quanto maiores as desigualdades e menores as condições de cidadania. A falta de respeito é enorme e nada parece conter a ação daqueles que buscam uma falsa noção de notoriedade com garranchos típicos que causam prejuízo, empobrecem a cidade e são demonstração cabal da irracionalidade de seus autores.
Em Campinas, o problema das pichações parece crônico. Por todos os lados, os prédios são marcados com inscrições cifradas, como assinaturas de jovens que pertencem a gangues que disputam uma notoriedade frágil e infame. Nada lhes acontece, o policiamento é absolutamente incapaz de qualquer ação de proteção ao patrimônio e a sujeira se alastra, para desespero dos proprietários dos imóveis e desânimo de ver patrimônios históricos valiosos sendo depredados continuamente. Por falta de policiamento e de punição dos contraventores, o município vive uma febre de pichações que não condiz com o padrão de educação de seus moradores e acumula prejuízos incalculáveis (Correio Popular, 14 e 15/2, A10 e A11).
O que se evidencia é a total falta de capacidade de manter um plano de ação eficaz contra o vandalismo. Inúmeras vezes houve a mobilização das autoridades municipais para um programa conjunto envolvendo polícias Civil e Militar, Judiciário, Legislativo e Executivo, mas tudo não passa de discursos que não resultam em nada concreto. Nem mesmo o rigor da lei faz com que os pichadores sejam punidos e os prejuízos ressarcidos. O que há é a total inação de todos os poderes e a repetição da ladainha da necessidade de um trabalho de educação que realmente convença os jovens a não sujar a cidade, que também não é levado a efeito.
O que é preciso é ação. Existem projetos sérios e relativamente simples de serem implantados, modelos que funcionaram em outras cidades, que simplesmente são ignorados. Não se prendem os infratores, não se cobram os prejuízos, sequer se alertam os pais. Há promessas de maior rigor na aplicação da lei, mais fiscalização, apreensão de menores reincidentes. Ao final, tudo passa em branco como as paredes que esperam apenas mais uma noite para serem cobertas de sujeira.