Coluna publicada na edição de 8/8/19 do Correio Popular
A semana que antecede um Dérbi sempre é muito tensa. Os treinadores escondem o jogo e procuram formas de surpreender o adversário. Os atletas trabalham sob enorme expectativa e precisam escolher com cuidado cada palavra nas entrevistas. Qualquer deslize pode servir de combustível para o rival. E os dirigentes sofrem na semana que, para eles, é a mais longa da temporada. Aguardam com ansiedade o jogo que, de tão importante, gera mais medo de perder do que vontade de ganhar. Por tudo isso, o Dérbi também tem o poder de mexer com os clubes depois do apito final. Enquanto o derrotado junta os cacos, o vencedor ganha estímulos. O time adquire confiança e motivação, a torcida fica eufórica por algumas rodadas, o técnico escreve seu nome na história do clássico e dirigentes curtem uma indescritível mistura de alívio e felicidade. Todos esses fatores positivos juntos geralmente são capazes de impulsionar a campanha do vencedor. E, no caso do Dérbi 194, os dois times precisam muito de uma boa sequência de resultados. A Macaca, que já esteve na briga pela liderança, precisa recuperar a regularidade que lhe deu o status de favorita ao acesso. O Bugre dá sinais de que pode se recuperar de sua desastrosa largada, mas ainda está no Z4 e seus principais concorrentes também subiram de produção. No 1º turno do ano passado, o Dérbi foi realizado na 4ª rodada. O favoritismo hoje atribuído à Ponte pertencia ao Guarani, que vivia momento melhor e jogaria em casa. Com grande atuação, a Ponte contrariou a expectativa. Jogou melhor do início ao fim, teve poder de reação depois de levar o primeiro gol e só não goleou porque perdeu chances claras. Além disso, foi prejudicada por um erro da arbitragem, que deixou de marcar um pênalti. A Ponte fez, justamente em um Dérbi, uma das suas melhores atuações em 2018. Tinha tudo para embalar rumo à Série A, mas nas rodadas seguintes empatou com o Vila Nova, perdeu para Atlético-GO e Sampaio Corrêa, empatou com Oeste e só voltou a vencer na 9ª rodada, quando bateu o Goiás. Notem que nos quatro jogos seguintes ao Dérbi, a equipe somou dois pontos, um a menos do que conquistou em apenas 90 minutos no Brinco de Ouro. No final do ano, o acesso escapou por apenas um ponto, o que mostra o preço alto que a Macaca pagou por não ter sido capaz de aproveitar o impulso daquele Dérbi. Desejo que o vencedor de domingo transforme a alegria da vitória em muitos pontos no restante de agosto. E que o perdedor seja capaz de assimilar o golpe e seguir em frente na busca de seus objetivos.