Coluna publicada na edição de 6/6/19 do Correio Popular
O técnico Vinícius Eutrópio falou na terça-feira sobre as críticas que tem recebido e o risco de ver seu trabalho no Guarani ser interrompido hoje em caso de derrota para o Atlético-GO, em Goiânia. O treinador usou um argumento justo, mas que não se enquadra à realidade do Guarani. “No futebol mundial o mínimo que um treinador trabalha são seis meses. Mínimo, mínimo, em qualquer lugar do mundo. Estamos falando de seis jogos. Então qualquer resposta que eu dê é incoerente porque o futebol brasileiro é incoerente”, disse. Concordo com cada palavra de Eutrópio. Todo treinador deveria ter um tempo razoável para desenvolver seu trabalho. Vejam o caso de Jurgen Klopp no Liverpool. Foi contratado a peso de ouro, perdeu três finais, deixou um título inglês escapar após abrir enorme vantagem e esteve perto de completar quatro anos sem um título sequer. Mas, no último dia de sua quarta temporada, ganhou a Liga dos Campeões. Com sua estrutura atual, o Guarani não vai pedir a Eutrópio e nem a qualquer outro treinador que monte um time para disputar bem a Série A daqui a três ou quatro anos. Não existe longo prazo e o elenco sofre profundas alterações a cada temporada. O que Eutrópio precisa fazer é manter o Guarani entre os dez primeiros, longe do risco de uma nova e desastrosa queda para a Série C. Para buscar esse modesto objetivo, Eutrópio teve um mês de preparação. Pouco, eu sei. Mas é mais do que teve Osmar Loss antes do Paulistão, sem contar o tempo gasto com ênfase nos treinos físicos. Não é o ideal, mas é um cenário parecido com o de quase todos concorrentes. Discordo de Eutrópio em outros trechos da entrevista. Disse que está implantando um DNA ofensivo no Guarani e que isso não acontece de um dia para o outro. Não mesmo. E nem vai acontecer, já que falamos de um clube que não consegue manter um treinador por uma temporada completa, quanto mais por duas ou três. O treinador destacou estatísticas que considera positivas, como números de finalizações, dribles e faltas sofridas. O problema é que nada disso indica que o time está evoluindo. Os números que valem, e que deixam o treinador sob pressão, são outros. O Bugre ainda não fez gol fora de casa e só marcou mais do que Criciúma e América, seus companheiros na zona de rebaixamento. O futebol apresentado é pobre e pouco competitivo. A largada foi péssima e rebaixamento já é um temor da torcida. Por tudo isso o Guarani não pode esperar seis meses para avaliar se Eutrópio faz ou não um bom trabalho. O Guarani não é o Liverpool.