JULIANNE CERASOLI

O golpe da Ferrari

Julianne Cerasoli
14/09/2013 às 15:45.
Atualizado em 26/04/2022 às 02:49

Kimi Raikkonen e Ferrari, quem diria, reataram um casamento que nunca foi daqueles, digamos, “nascidos um para o outro”. Porém, o desdobramento mais curioso do acordo é a forte mensagem dada a Fernando Alonso. Se o velho discurso de que “a Ferrari é maior que seus pilotos” soava como mera retórica nos últimos anos, agora a história é outra.A chegada de Raikkonen é, de certa forma, o pior golpe que o espanhol poderia sofrer em Maranello. A liderança conquistada na pista e muitas vezes gerida com pouca perícia fora dela, agora está ameaçada. Mesmo se o finlandês não chegar ganhando corrida logo de cara ou demore um pouco a se adaptar, a contratação de um campeão mundial – e pior, que conquistou um título que o espanhol não conseguiu na própria Scuderia – que vem em excelente nível desde sua volta à Fórmula 1 após o exílio de dois anos encerrado no início de 2012, representa o fim da era imperialista do bicampeão em Maranello.Seja por motivos que fogem ou não ao seu controle, Alonso não conseguiu transformar a Ferrari em uma equipe vencedora como o último que reinou absoluto por lá, Michael Schumacher. Mas isso seria o início de seu fim ou uma chance de recomeço?Tudo depende de sua reação frente à contratação de um piloto tão forte quanto ele. Assim como Vettel é cobrado a disputar títulos com equipamentos menos dominadores antes de carimbar sua ficha entre os gigantes do esporte, a “mancha” da carreira de Alonso é não conseguir lidar com um piloto competitivo sob o mesmo teto. Quem sabe possamos ver a partir da próxima temporada se a autodestruição de 2007, quando sucumbiu à pressão de dividir as atenções com Lewis Hamilton na McLaren, foi mais reflexo da pouca idade ou é, de fato, uma questão de caráter.Por isso, ao mesmo tempo em que a chegada de Raikkonen seria um grande golpe, também abriria uma enorme oportunidade para Alonso convencer aqueles que o apelidam de Prima Donna ou Choronso, de que sabe lutar uma guerra como os samurais que tanto admira.Para a Ferrari, no papel, seria uma escolha certeira. Ambos têm qualidades muito semelhantes — e que serão valorizadas pelo próximo ano: sabem o momento de atacar, além de terem a bagagem de passarem por uma série de regulamentos distintos. Na pista, estilos não muito diferentes, sendo dois exemplos raros de pilotos que se dão bem com carros dianteiros, característica dos últimos modelos da Ferrari. Em teoria, não poderia ser melhor. Mas que seria um teste decisivo para Alonso, isso não há dúvida.

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