Uma nova e triste confusão envolvendo time argentino em um estádio brasileiro ofuscou mais uma excelente atuação do Atlético Mineiro na Libertadores. Único time com 100% de aproveitamento, o Galo teria o segundo melhor ataque da competição se computasse apenas os dez gols que marcou nos dois jogos contra o Arsenal. Adversário frágil? Pode ser, mas foi o mesmo time que somou quatro pontos contra o São Paulo.
O trabalho de Cuca em Belo Horizonte é excelente, assim como o futebol apresentado por Ronaldinho Gaúcho. O golaço que marcou na quarta-feira deveria ocupar na mídia o mesmo espaço destinado à confusão entre a PM e os argentinos. Foi um gol tão bonito, tão mágico, que dá gosto de ver e rever, em detalhes.
Ronaldinho recebeu a bola no bico da grande área, pelo lado esquerdo. Deu um tapinha nela, que foi girando, suave, até o ângulo direito do goleiro. Com seu salto desesperado e inútil, o argentino apenas deixou o gol ainda mais bonito.
Ronaldinho bateu na bola como se estivesse brincando em um rachão. O chute saiu fraco, com efeito, quase displicente. E é justamente aí que reside toda a sua beleza. Ronaldinho Gaúcho faz gols diferentes. Domina a bola de modo diferente, passa de modo diferente.
O Atlético não joga o melhor futebol do Brasil no momento por causa dele. Não sofre de Ronaldodependência, como acontece com o Santos de Neymar. O elenco é muito forte, o trabalho de Cuca é excelente e o time é forte como um todo, com vários destaques individuais.
Ainda assim, Ronaldinho é essencial. É ele que faz do Atlético mais do que um time muito forte. Ao dar passes surpreendentes e marcar gols como o de quarta-feira, ele faz do Atlético um time muito forte que joga bonito.
É muito bom para o futebol brasileiro ter grandes times que também jogam bonito. Seria muito bom também se a camisa da Seleção Brasileira fosse vestida apenas por jogadores, ao menos, parecidos com Ronaldinho.
Eu sei que poucos no planeta são tão especiais. Se não tivesse sido tão displicente com a própria carreira, R10 teria sido eleito o melhor do mundo mais vezes.
Mas o Brasil precisa de jogadores assim, capazes de fazer jogadas e gols maravilhosos. Ultimamente, a Seleção não tem conseguido vencer adversários tradicionais. A preocupação não é jogar bonito e sim conseguir ganhar de um time importante por 1 a 0, pelo menos.
Mas é bom que Felipão não tenha desistido de Ronaldinho e espero que Ronaldinho não desista do futebol competitivo. Ele joga muita bola, com uma qualidade que o Brasil não pode perder.