Juvenal Juvêncio foi o entrevistado da semana no ótimo Bola da Vez, da ESPN Brasil. O agora ex-presidente do São Paulo adora os holofotes e deu uma entrevista deliciosa, com seu jeito peculiar de falar.Em uma de suas respostas, falou sobre as dificuldades financeiras de muitos clubes europeus, que, no passado, aqueciam o mercado brasileiro. Os bilionários seguem contratando, mas os demais cortaram gastos e muitos estão à venda ou foram recentemente comprados por investidores.Essa crise, prevê Juvenal, vai chegar ao futebol brasileiro também. E concordo com ele. O futebol brasileiro, de modo geral, é mal administrado. É um mundo que parece ser gerido pelo que poderíamos chamar de lei de irresponsabilidade fiscal.Casos absurdos não faltam. O Botafogo passou 2013 com salários atrasados. No começo de 2014, o cenário não mudou. O time caiu na 1ª fase da Libertadores, não chegou sequer à semifinal do Carioca e seus jogadores fizeram curtas paralisações antes de alguns treinos, como forma de protesto.No mundo normal, uma instituição nessas condições teria como meta reduzir custos e disputar o Brasileiro com um elenco enxuto e barato. Mas no futebol...Ao invés de continuar com Eduardo Húngaro no cargo de técnico, o clube resolveu rebaixá-lo à função de auxiliar e contratar Vágner Mancini. Seria uma troca aceitável, desde que a situação financeira fosse normal.O problema é que, mesmo devendo salários, o Bota trocou de treinador e ainda contratou Emerson Sheik, um atacante muito caro de 35 anos que, apesar do currículo recheado de títulos, não marca um gol desde julho.O Atlético-PR fez um belo Brasileirão, conseguiu vaga na Libertadores e, na virada do ano, resolveu mudar. Dispensou Paulo Baier, que era querido pela torcida e teve uma temporada fantástica. Mas, talvez por ser veterano, não teve seu contrato renovado. Vágner Mancini também foi liberado, apesar do ótimo trabalho. E então a diretoria apostou em um técnico espanhol que só foi campeão boliviano e ainda “reforçou” o ataque com... Adriano Imperador.O Furacão não chegou na final do Paranaense, foi eliminado na 1ª fase da Libertadores e já mandou Adriano passear. E jogou muito dinheiro fora.Isso para não falar em jogadores medianos que ganham salários absurdos, nas contratações caríssimas de atletas que não dão retorno e por aí vai. Uma hora, essa conta não vai fechar. E imagino que será muito difícil consertar o estrago depois.