MANUEL CARLOS

O foragido

11/02/2014 às 05:00.
Atualizado em 24/04/2022 às 16:28

Certo dia, estava chegando na universidade e uma professora veio ao meu encontro dizendo: Tenho duas notícias de Brasília, uma boa e outra ruim, qual você quer primeiro?Diga logo a ruim, respondi, porque notícia ruim chega sempre primeiro.Diziam que a aftosa não pegava em humanos, mas um petista está com a febre.Diga agora a boa notícia, disse-lhe.Vão ter de exterminar o rebanho todo.Aquela brincadeira era um bom começo para mais um dia de trabalho, porque me dava a certeza de que os petistas finalmente haviam se tornado conhecidos da população.Minutos antes, ao sair de casa, a televisão já anunciava mais uma grande maracutaia petista, outra vez envolvendo o Banco do Brasil e seu diretor de marketing Henrique Pizzolato, que antes do mensalão já era conhecido por ter autorizado que o banco comprasse R$ 70 mil em ingressos de um show da dupla sertaneja Zezé de Camargo e Luciano para arrecadar dinheiro para o PT.Pizzolato, ex-funcionário do banco, foi presidente do Sindicato dos Bancários de Toledo, no Paraná e depois presidente da CUT, naquele mesmo Estado. Em 1992, foi eleito representante dos funcionários junto à direção do BB, depois trabalhou na Previ e em seguida com Delúbio Soares, tesoureiro do PT na campanha de Lula.Esse currículo “maravilhoso” o habilitou para ser diretor de marketing de uma instituição histórica e séria como o Banco do Brasil. Na minha infância, morando em uma pequena cidade, já havia constatado que as pessoas mais importantes da sociedade local eram o prefeito, o juiz, o padre e o gerente do Banco do Brasil.Hoje, após as condenações dos mensaleiros do PT, constato que nem mesmo essa instituição centenária resistiu às bandalheiras do governo petista. O banco, retomando sua característica de um banco rural, apenas financiou um plantio, onde o trigo eram os cofres do PT, Vallério, Delúbio, Pizzolato, e o joio os ministros da Suprema Corte que condenaram todos eles com base em robusta prova documental.Tudo indica que o banco não retomou sua característica de um banco rural, mas, sim, as características do Banco Rural. Os escândalos não têm fim, os valores são assustadores e em todos eles os atores são sempre os mesmos. A peça, que se apresenta como uma comédia para esses condenados, foi, na realidade, uma tragédia para o povo brasileiro.Pizzolato, um condenado foragido, estava rindo na cara de todos nós, mas na quarta-feira foi preso pela polícia italiana e os demais condenados que protagonizaram o espetáculo esqueceram o texto e tentam improvisar repetindo a mesma frase: “somos inocentes, isto é coisa da elite”.Lembro-me quando o ministro Carlos Velloso, por compaixão, não quis deixar o Maluf na cadeia. Errou no fundamento, pois deveria ter dito que era injusto, diante do que aconteceu no País, prender um “trombadinha”.

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