A ausência do brasileiro Luiz Razia durante a segunda bateria de testes da pré-temporada da Fórmula 1, em Barcelona, Espanha, nesta semana, chamou a atenção. A Marussia, equipe do piloto que estreia neste ano na categoria, foi a única que contou nos quatro dias de treinos com o mesmo piloto, o também novato Max Chilton.
A explicação oficial é de que o time queria dar a Chilton a oportunidade de ganhar mais quilometragem com o carro, pois o inglês não teria completado todo seu programa na primeira bateria de testes, realizado há duas semanas, em Jerez, também na Espanha. Isso porque o MR02 sofreu uma falha de suspensão logo no primeiro dia em que foi para a pista, impedindo que Chilton fizesse uma simulação de corrida. Razia, que testou no dia seguinte, pôde completar sua programação.
Porém, a diferença de 26km entre a distância percorrida por ambos após os quatro primeiros dias de testes em Jerez é pouco para justificar a discrepância vista nesta semana. Em Barcelona, Chilton andou quase 1.122km.
A equipe promete dar prioridade para Razia no último teste, de quinta-feira a domingo da semana que vem, também na pista da Catalunha, e é um caso a ser acompanhado com atenção. A relação entre a Marussia e o brasileiro tem se mostrado incomum desde o início, quando o piloto anunciou que havia sido contratado e a equipe silenciou, apenas confirmando-o, sem qualquer alarde, durante o lançamento do carro. Razia, inclusive, nem posou ao lado do MR02 durante sua apresentação.
Tudo isso seria insignificante caso o brasileiro fosse tratado em pé de igualdade em relação ao companheiro na pista, mas a estranha atitude da equipe em Barcelona joga luz a uma realidade que pode atormentar Razia neste seu primeiro ano: a estreita relação entre o pai e financiador da carreira de Chilton e a Marussia.
Grahame Chilton é acionista da Carlin, time tradicional das categorias de base que, desde o ano passado, carrega o nome Marussia na GP2. Além disso, Grahame teria fechado um contrato pelo qual adquire uma parte da Marussia ao fim de cada uma das três temporadas nas quais o time tem contrato com seu filho. Na prática, Razia não lida apenas com um companheiro, mas com o filho do dono de sua equipe.
Parece se desenhar um teste e tanto para o amadurecimento que o piloto mostrou durante a campanha para ser vice-campeão da GP2 em 2012. Andando por uma equipe pequena, o brasileiro precisa agarrar-se às oportunidades que surgirem para se livrar dessa posição que, no momento, é pra lá de incômoda.