JOGO RÁPIDO

O favoritismo que derreteu

Coluna publicada na edição de 14/6/18 do Correio Popular

Carlo Carcani Filho
13/06/2018 às 20:59.
Atualizado em 28/04/2022 às 12:41

Um fato inusitado abalou o vestiário de um dos favoritos à conquista da Copa do Mundo. Um surpreendente movimento do Real Madrid no mercado provocou a queda do técnico da Espanha a poucas horas da abertura do Mundial de 2018. Julen Lopetegui desenvolvia um excelente trabalho na seleção, que ficou cinco pontos à frente da Itália nas Eliminatórias Europeias. Na repescagem, a Azzurra sucumbiu. A Espanha, com sucessivas atuações de alto nível, chegou à Rússia como candidata ao título, mas seu favoritismo derreteu com os acontecimentos das últimas 48 horas. Seria utópico exigir que profissionais que valem milhões de euros não discutam seu futuro profissional antes ou durante a Copa do Mundo, um torneio que é realizado justamente no intervalo entre uma temporada e outra. O mercado ferve de maio a agosto. Alisson está nos planos de Real Madrid e Liverpool, Griezmann faz mistério sobre sua negociação com o Barcelona, Fred assinou com o Manchester United e até Cristiano Ronaldo não tem seu futuro definido. Mas eles são jogadores. Interessam a vários clubes e certas conversas não podem ficar para depois. No caso de Lopetegui, um técnico que prorrogou recentemente o seu contrato com a Seleção Espanhola, não havia a menor necessidade de um acerto tão rápido. Nenhum profissional do futebol deixaria de atender uma ligação do Real Madrid. E Lopetegui poderia ter atendido. O jeito que ele e o Real conduziram a negociação depois do primeiro contato é que foi um desastre. É inadmissível que ele tenha negociado com um clube, dias antes da Copa, sem comunicar a Federação. É inadmissível que o Real Madrid ligue para o presidente da Federação Espanhola cinco minutos antes de divulgar a contratação do treinador. E igualmente inadmissível que não tenha atendido a solicitação de anunciar a contratação apenas depois do Mundial. Por mais traumática que possa parecer, a decisão de demitir o treinador era a única alternativa da Espanha, principalmente por ser uma seleção peculiar, cujo vestiário é dividido entre Real Madrid e Barcelona, entre Espanha e Catalunha. Há rumores de que Sérgio Ramos, zagueiro do Real, intermediou a negociação entre o clube e o treinador. Como os outros atletas vão reagir a isso? Como os outros atletas vão reagir a isso? Vão responsabilizá-lo pela queda do comandante que fazia ótimo trabalho? É impressionante a falta de sensibilidade de Lopetegui e também a falta de respeito do Real. Essa confusão diminui as chances de sucesso da Espanha na Copa.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por