CARLO CARCANI

O fator indignação

Carlo Carcani
19/11/2013 às 22:44.
Atualizado em 24/04/2022 às 23:09

Nenhum atleta precisa de motivação extra para disputar a semifinal da Copa Sul-Americana. A chance de chegar à final e de ficar a um passo da vaga na Libertadores de 2014 já é mais do que suficiente para deixar todos os jogadores de Ponte Preta e São Paulo no nível máximo de concentração. No nível máximo de empenho. No nível máximo do desejo de vencer.Um jogador que não se entusiasma e não se entrega em campo em uma partida de tamanha importância não tem espírito competitivo. Portanto, pelo menos na teoria, tanto Jorginho como Muricy Ramalho devem focar mais nos aspectos táticos do que motivacionais.Mas, particularmente no jogo desta quarta-feira, acho que o técnico Jorginho deve passar o sentimento de indignação do torcedor pontepretano a seus jogadores. Deve mostrar a eles como seria ainda mais especial para o clube não apenas avançar à final, como também superar o São Paulo. Tirar o São Paulo da briga pelo bicampeonato. Tirar do São Paulo a esperança de disputar a próxima Libertadores.Como escrevi no sábado, o segundo jogo não será realizado no Majestoso por dois motivos. O primeiro é porque o péssimo regulamento da péssima Conmebol permite. A exigência de capacidade mínima dos estádios a partir das oitavas de final é uma aberração.O segundo motivo é que o São Paulo, baseado nessa aberração, fez valer o seu direito de não jogar em Campinas. Poderia muito bem ignorar essa bobagem e vir ao Majestoso. Sua diretoria, porém, preferiu tirar o adversário de sua casa na partida decisiva.Essa opção gerou uma grande indignação entre os pontepretanos. O presidente Márcio Della Volpe não poupou críticas à postura do adversário e a torcida, claro, está inconformada. Uma vitória sobre o São Paulo, nesse cenário, teria um enorme valor para a torcida.Por tudo isso, seria bom se Jorginho conseguisse passar um pouco desse sentimento ao time. Fazer com que os atletas também fiquem indignados (sem perder o equilíbrio emocional, claro) com a postura legal, porém antidesportiva, de seu rival. Fazer com que, além da vitória, a Ponte jogue para dar uma resposta ao adversário que lhe negou o direito de competir em condições de igualdade, com um jogo no Cícero Pompeu de Toledo e outro no Moisés Lucarelli.Três fatores dão ao São Paulo o favoritismo nesta quarta.O retrospecto (reagiu no Brasileiro e vive um bom momento, enquanto a Ponte não vence desde a memorável partida em Buenos Aires), o aspecto físico (Muricy poupou todos os titulares no final de semana) e o fator campo.Cabe a Jorginho explorar o “fator indignação” de modo que isso contribua para que a Ponte Preta seja nesta quarta um adversário ainda mais indigesto do que seria no Majestoso.

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