JOGO RÁPIDO

O erro de criar mais problemas

Coluna publicada na edição de 29/10/19 do Correio Popular

Carlo Carcani Filho
29/10/2019 às 01:00.
Atualizado em 30/03/2022 às 14:03

A Ponte Preta sofreu mais uma derrota no Moisés Lucarelli e, segundo cálculos do InfoBola, tem apenas 1% de chance de conquistar o acesso à Série A. O mesmo site aponta que o risco de rebaixamento para a Série C é idêntico, de 1%. Os números indicam claramente que a Macaca vai disputar a Série B em 2020, mas o que se espera é que o clube faça o mínimo necessário para que esse insignificante risco de queda não cresça nas próximas rodadas. Afinal, há duas semanas a Macaca projetava uma arrancada para o G4. Embora a permanência na divisão seja frustrante para quem disputou o Brasileirão entre 2015 e 2017 — com direito a um 8º lugar em 2016 —, a Ponte não pode transformar o fracasso na busca pelo acesso em algo muito pior. A crise política se agravou demais com as denúncias da semana passada, mas esse é um problema da diretoria. Como disse o atacante Roger após o jogo de domingo, esse é um problema administrativo e que não diz respeito aos jogadores. A cobrança sobre Gilson Kleina e elenco deve ser feita apenas no que se refere ao fato de o time estar em 10º> lugar, a sete pontos de seu objetivo. A reação do executivo de futebol Gustavo Bueno à derrota para o Vitória, por exemplo, foi exacerbada. O resultado foi muito ruim mesmo, principalmente se levarmos em consideração a campanha ruim de um adversário que teve um jogador expulso no primeiro tempo. Também é difícil de aceitar a facilidade que o Vitória teve para chegar ao segundo gol. O sistema defensivo teve um apagão coletivo e isso custou um ponto. Mas, apesar de tudo isso, as palavras de Gustavo foram desproporcionais. A Ponte começou mal, mas no segundo tempo lutou o tempo todo. Mandou bolas na trave, exigiu boas defesas de Martín Rodriguez e esteve perto de vencer. Não foi uma derrota para deixar Gustavo Bueno com vergonha de seus filhos ou para dispensar atletas. A crise política já é um problema muito grave e a Ponte não pode criar outros. Não dá para imaginar o impacto que as palavras duríssimas de Gustavo Bueno podem provocar no vestiário. O dirigente desqualificou um elenco que ele mesmo montou e isso pode dificultar ainda mais o trabalho de Kleina. A temporada de 2019 não foi das melhores para a Ponte e o momento atual é, de longe, o mais crítico do ano. É hora de reconhecer erros, buscar soluções e tomar medidas duras. Mas jogar tudo nas costas de um time que perdeu suando a camisa é um erro grotesco de consequências imprevisíveis.

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