JULIANNE CERASOLI

O efeito Ferrari

Julianne Cerasoli
18/04/2015 às 15:00.
Atualizado em 23/04/2022 às 16:17

O GP do Bahrein marca um ano da maior batalha que Nico Rosberg e Lewis Hamilton tiveram na pista. Uma batalha que durou várias voltas e terminou com o inglês vencendo a prova e um abraço empolgado dos rivais tão logo saíram de suas Mercedes. Passados 12 meses, o cenário não poder ser mais diferente.   A disputa no deserto só foi possível porque o domínio da Mercedes era tanto que a equipe pôde se dar ao luxo de fazer estratégias distintas para seus pilotos: a Nico, que vinha em segundo, foi dada a chance de terminar a prova com pneus macios, uma vantagem em relação a Lewis, que usaria os médios. Um Safety Car no final da prova colocou ainda mais pimenta na briga.   Um cenário parecido é muito improvável — e aí está o motivo do chilique público de Rosberg no GP da China, quando acusou Hamilton de ter diminuído o ritmo para prejudicar sua estratégia — devido a uma variável importante que apareceu neste ano: a Ferrari. Apesar de ainda não conseguirem rivalizar com as Mercedes em uma volta rápida, Vettel e Raikkonen têm tudo para demonstrar ritmo de corrida no Bahrein para pelo menos influenciar a estratégia da Mercedes. Com isso, os campeões mundiais não podem mais se dar ao luxo de dar chances iguais aos seus pilotos, sob o risco real de perder a corrida.   Sabendo disso, Rosberg resolveu marcar território, cobrando Hamilton por não ter agido de acordo com os interesses da equipe. Não que ele esteja coberto de razão, afinal, seu companheiro tem o direito de ditar o ritmo da maneira como lhe for mais conveniente e cabe a ele dar a resposta na pista, mas foi importante internamente esclarecer quais os limites entre as prioridades de cada um no campeonato de pilotos e no de equipes, agora que não lutam mais sozinhos.   Por outro lado, Nico forçou a Mercedes a decidir qual será sua nova postura: “acordamos que quando a dobradinha da equipe estiver em risco, algumas medidas serão tomadas para assegurar que esse risco não se concretize e isso pode significar alguma desvantagem para um ou outro piloto”, afirmou o alemão. Em outras palavras, isso abre o precedente para a utilização de ordens de equipe e engessa as brigas internas.   Rosberg não tem para onde correr: precisa encontrar uma maneira de bater Hamilton rapidamente, antes que se torne escudeiro do inglês em uma eventual briga com as Ferrari. Apesar da fase do inglês ser positiva, é bom lembrar que o alemão esteve a quatro centésimos de lhe roubar a pole na China. Mas, com a Scuderia na cola, ficar no quase já não basta mais.

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