ZEZA AMARAL

O direito do feto ser filho

16/06/2013 às 05:00.
Atualizado em 25/04/2022 às 12:19

“As amebas se movem em duas pernas e escrevem e se adulam e bebem e comem em rapapés políticos. Amebas gostam de igualdades e não suportam os desiguais, que os afrontam com prosaicas lógicas e inquestionável honestidade intelectual e pecuniária.

Amebas se fartam nos lixões do politicamente correto; gostam mais de ovos de tartaruga, baleias jubartes e cangurus do que de feto humano, inofensivo quando o ventre o deseja, mas maldoso quando a mulher o rejeita. Assim, amebas gostam da mulher que afirma soberania ao seu corpo e demonizam os que defendem a soberania do feto."

Escrevi os parágrafos acima, entre aspas, em uma madrugada de outubro de 98, conforme anotação no guardanapo. Não lembro em que bar estava; ao que tudo indica, sozinho, pois acho falta de educação escrever quando alguém me acompanha. Sim, sou contra o aborto. Aliás, como já escrevi inúmeras vezes, sou contra qualquer tipo de morte. Até a natural. Morte, enfim, só entendo a dos suicidas. E mesmo assim, olhe lá: nada mais idiota do que se matar por amor ou por causa de dívidas. E ninguém se mata por perder a honra, mas, sim, por saber que nunca a possuiu.

Quanto às amebas que "escrevem e se adulam e bebem em rapapés políticos", eu estava incomodado com um jornalista que arrastava a sua gosma pelo local, não me lembro se na mesa de um vereador ou deputado. Como se adorasse a própria voz, defendia o aborto, a eutanásia e as cotas raciais - ainda em discussão. O político pagou a conta e ambos saíram abraçados do bar.

As cotas raciais foram implantadas no País e temo pelos efeitos racistas que já começam a causar. O aborto volta a ser discutido e as amebas do jornalismo politicamente correto estão assanhadas. Falam nos direitos que a mulher tem sobre seu corpo, mas não opinam sobre o embrião ter o direito de nascer, crescer e procriar. Quanto à saúde pública, aos riscos que abortos mal-feitos causam à mulher, quem analisa os riscos psicológicos que a mulher sofrerá mesmo amparada em lei, hein? Nada que uma boa formação moral e educacional não possa resolver. Entretanto, dado que o governo é incompetente para tanto, nossos fetos seguirão ameaçados de morte e a saúde pública, mais doente.

Vivemos tempos sombrios e perigosos. O politicamente correto protege ovos de tartaruga e despreza o ovo humano. Feto é apenas uma “coisa” que incomoda o ventre de uma mulher e tem de ser posto pra fora ou sugado ou arrancado a fórceps; hoje se matam anencéfalos e amanhã qualquer outra anomalia servirá como desculpa para entrar na lista aborteira. A nossa Constituição garante o direito à vida e os aborteiros só a enxergam quando uma criança vem à luz, incapazes que são de compreender que a vida tem início na fecundação do óvulo. Esses falsos humanistas alegam que a mulher tem o direito de querer ser mãe ou não e negam ao feto o seu direito de ser filho.

Dias atrás, um raro leitor me enviou um e-mail perguntando, ironicamente: “Que tal o sr. adotar um anencéfalo e soltar o passarinho?”. Em 1984, adotei a barriga de uma moça que queria abortar e alguns parentes perguntaram se eu não tinha receio de que a criança viesse com algum tipo de problema. Ora, a minha maior preocupação era com a vida da criança e não com o meu conforto doméstico. Felizmente, tudo correu bem e uma menina veio ao mundo, cresceu, casou e meu deu duas netas. E anencéfalo, senhor raro leitor, me seria impossível adotá-lo pois mãe nenhuma se permitiria a isso. E quanto a soltar o passarinho que tenho lá em casa, esclareço que se trata de um canário americano que nasceu em gaiola, assim como os avós e pais dele, e devolvê-lo à natureza seria condená-lo à morte. Por fim, respeito a sua opinião de aborteiro de anencéfalos, mas, por favor, não tente me convencer de que isso é “humanismo”, pois não é, e tampouco com uma chantagem intelectual simplória.

Bom dia.

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