Não permitir que o Vélez Sarsfie marcasse gol no Moisés Lucarelli foi o objetivo número 1 da Ponte Preta no jogo de ontem à noite. Isso ficou claro com a opção de Jorginho pela escalação de um meio-campo de mais marcação e, principalmente, com a postura bem cautelosa da equipe do início ao fim da partida. Esse objetivo foi alcançado, o que dará à Macaca o direito de jogar por um empate com gols em Buenos Aires. Um novo 0 a 0 levará a decisão da vaga para os pênaltis, o que também não será ruim para a Ponte diante de um adversário bem treinado, com jogadores de boa qualidade técnica.É evidente que a torcida gostaria de ter visto uma Ponte um pouco mais ousada, agressiva. Ficou a impressão de que, jogando em casa, a equipe respeitou demais os argentinos. O resultado não foi ruim para o Vélez, que precisa de uma vitória simples no José Amalfitani, onde, teoricamente, terá um volume de jogo bem maior do que aquele que conseguiu impor ontem diante de mais de 12 mil pontepretanos.Mesmo assim, foi um bom resultado para quem disputa a Sul-Americana pela primeira vez e teve pela frente um adversário com enorme experiência internacional. Essa ligeira vantagem do Vélez vai se transformar em um pesadelo se a Ponte conseguir marcar um gol no El Fortin de Liniers, apelido do estádio do Vélez.Tudo indica, porém, que a Ponte será ainda mais cautelosa em Buenos Aires. Após a partida de ontem, o atacante Rafael Ratão, em uma declaração de sinceridade incomum no futebol, disse que no jogo da volta a Ponte tem que “fechar a casinha e só dar chutão”. É bem provável que o desenho do jogo seja exatamente esse, mas se permitir que o Vélez tome conta de seu campo, como aconteceu com o Deportivo em Pasto, será quase impossível evitar a derrota, já que os argentinos são muito melhores do que os colombianos.Na verdade, o desafio da Ponte será repetir na Argentina o mesmo jogo que conseguiu fazer em Campinas. Pode, e deve, ser cautelosa na marcação, mas sem deixar de criar algumas oportunidades. Ontem o time poderia ter vencido por 1 a 0, como destacou Jorginho na coletiva. É preciso jogar assim novamente, sem dar os chutões sugeridos pelo garoto Ratão. O segredo será manter a posse de bola pelo maior tempo possível e evitar erros de passes no meio de campo, como aconteceu repetidas vezes na metade final do segundo tempo. Essas falhas deram origem a ataques perigosos do Vélez e não podem se repetir com a mesma frequência em Buenos Aires.A disputa pela vaga na semifinal da Sul-Americana está aberta. O favoritismo é todo do Vélez, mas a Ponte pode complicar a vida dos argentinos, desde que seja capaz de aprimorar o estilo de jogo que adotou ontem.