CARLO CARCANI

O dérbi do sócio torcedor

21/02/2013 às 05:00.
Atualizado em 26/04/2022 às 03:54

Na coluna de ontem (20), escrevi sobre o Red Bull e sua preocupação, ainda no estágio em que se encontra, de promover eventos para divulgar sua marca, promover o esporte e oferecer entretenimento aos fãs. Hoje, permaneço no mesmo tema, mas com enfoque nas ações de Ponte Preta e Guarani para conquistar o apoio de seu torcedor.

Dentro de campo, os dois times vivem momentos distintos. Enquanto o Guarani acaba de voltar à Série C e luta para não cair de novo, a Ponte lidera o Paulistão.

A diferença técnica no momento é notória, mas talvez o que o torcedor não perceba é que fora dele, no que diz respeito ao marketing, a Ponte tem uma vantagem ainda maior sobre seu rival.

Vamos comparar os projetos de sócio-torcedor, aspecto cada vez mais importante no futebol. De forma bem resumida, o pacote básico do TC10+ custa R$ 40 por mês, garante acesso gratuito (em lugar não coberto) a todos os jogos e dá desconto na compra de produtos de empresas parceiras, além do direito de concorrer a sorteios de prêmios. O calendário 2013 da Macaca tem o Paulistão, a Copa do Brasil (talvez a Sul-Americana) e a Série A do Brasileiro. É uma oferta muito boa para o torcedor e a Ponte faz uma ampla divulgação. Com a boa campanha no Estadual, a procura tem sido intensa.

No Sócio-Torcedor do Guarani, o pacote similar custa R$ 55 por mês, garante acesso gratuito a todos os jogos (em lugar não coberto) e dá desconto na compra de produtos de empresas parceiras, além do direito de concorrer a sorteios de prêmios. O calendário 2013 do Bugre tem o Paulistão, a Copa do Brasil e a não apenas desinteressante, mas também curta Série C do Brasileiro. O Guarani não investe na divulgação do plano e, evidentemente, quase não fala sobre ele. O motivo é óbvio. O projeto também é muito bom, mas o clube simplesmente ignorou a situação atual do time e o lançou como se fosse jogar o ano todo, contra os melhores do País. Não é o caso, pelo menos por enquanto, e esse fator jamais deveria ter sido ignorado.

A meta de ter dez mil sócios é ambiciosa e pode ser alcançada, desde que o clube tenha a capacidade de analisar o mercado. O pacote verde e branco custa quase 50% a mais do que o alvinegro e não há comparação entre as competições, o número de jogos e o nível dos adversários.

Outra grande vantagem do TC10+ é que crianças de até 12 anos podem ser vinculadas a um titular de qualquer plano sem custo adicional. Já o Sócio-Torcedor do Guarani não tem planos para dependentes.

Enfim, enquanto a Ponte começa a colher os frutos por seu trabalho bem feito, o Guarani está cometendo o erro de queimar o seu plano, como já o fez em 2010, quando chegou à divisão de elite e cometeu a enorme besteira de aumentar a mensalidade do sócio-torcedor e reduzir o preço do ingresso na bilheteria. No momento em que poderia aumentar significativamente o número de sócios, o clube fez exatamente o contrário.

No dérbi do sócio-torcedor, a Ponte está ganhando de goleada. Não pode se acomodar por isso e deve aprimorar detalhes aqui e ali sempre que possível. O Guarani também tem um ótimo projeto, mas precisa adequá-lo à realidade de seu momento. A mensalidade de arquibancada é mais cara do que o TC10+ Vip, em área coberta. Ignorar distorções como essas pode comprometer todo o trabalho.

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