A Clínica Lane fica na Rua Eduardo Lane, 200, Guanabara. O telefone é (19) 3242-0255. O site www.clinicalane.com.br tem imagens e informações históricas importantes.
Clínica Lane, fundada há 50 anos: várias especialidades e cerca de 400 consultas por dia (Dominique Torquato/AAN)
O reverendo irlandês Edward Lane desembarcou em Campinas em 1869. Junto de George Morton, ele veio com a missão de difundir a fé presbiteriana por aqui. Fundou um colégio e, para se manter, inaugurou uma olaria. A empresa construiu, por exemplo, a ponte de tijolos em forma de arco sobre o córrego da atual Orosimbo Maia. O melhoramento urbano, entregue em 1879, impediu que as carroças atolassem no brejo que se formava sempre que chovia - naquele tempo, não havia galerias pluviais.Quando a cidade era arrasada pela febre amarela, Lane fez a família se mudar para os Estados Unidos. Mas ele ficou. Colocou-se à disposição do governo municipal para ceder tijolos e mão de obra para serviços emergenciais de saneamento. Ele poderia, simplesmente, ter feito as malas e abandonado a cidade, como tanta gente poderosa fez, mas não arredou pé. Disse que trabalharia pela comunidade sofrida e foi um herói. Porém, acabou contraindo a doença e morreu.Os anos passaram e os parentes do irlandês voltaram a viver no Brasil. Dois netos seus, Eduardo e John Cook Lane, nasceram em São Sebastião do Paraíso (MG). Cresceram, formaram-se médicos e, resgatando o sonho do avô, decidiram morar em Campinas. Há 50 anos, a dupla fundou uma das primeiras clínicas particulares da cidade. A casa, inaugurada em 26 de junho de 1965, tinha o propósito de prestar atendimento integral aos pacientes. Já na época, contava com o que de mais moderno existia em termos de patologia clínica, anatomia patológica e radiologia.Rapidamente, a clínica tornou-se referência em pesquisa. Montou, por exemplo, a primeira biblioteca médica de Campinas. Naquele tempo, só o Instituto Penido Burnier tinha um acervo bibliográfico importante, mas que se limitava à oftalmologia. Outra inovação foram as reuniões médicas nas manhãs de sábado, abertas a profissionais da região. "Os casos mais complexos eram debatidos à exaustão e a decisão terapêutica, tomada em grupo", conta a diretora clínica atual, Jacqueline Mendonça Lopes de Faria, de 49 anos. Aquelas eram, seguramente, as mais importantes reuniões médico-científicas da cidade.Todos os médicos fundadores da Clínica Lane passaram a integrar o corpo docente da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que se instalava na cidade. Ainda hoje, a instituição investe na excelência de seu corpo clínico. "É uma clínica equipada, estruturada. O que mais orgulha, no entanto, é que ela investe na capacitação pessoal", fala a diretora.Atualmente, a clínica tem 33 especialistas contratados e realiza aproximadamente 400 consultas por dia. As especialidades são as mais diversas: cirurgia, cardiologia, clínica médica, pneumologia, pediatria, gastroenterologia pediátrica, cirurgia plástica, ginecologia e obstetrícia, dermatologia, endocrinologia e endocrinologia pediátrica, oftalmologia, fisiatria, nutrição e neurologia. Diariamente, são aplicadas 70 vacinas e executadas dezenas de exames laboratoriais. Hoje, em seu arquivo, a Lane mantém 280 mil prontuários. E a diretora frisa: há funcionários de apoio com quase 40 anos de casa.Hospital modeloUm dos fundadores da clínica segue saudável, falante, otimista. John Cook Lane, de respeitáveis 87 anos de idade, fala que a clínica foi estratégica para uma outra conquista importante da cidade. Um dos pacientes era Wolfgang Sauer, diretor da Bosch, e o próprio executivo pediu a John sugestões de projetos que podiam ser beneficiados por investimentos sociais da empresa.Pois o médico correu a região e conseguiu de um fazendeiro a doação dos 70 mil metros quadrados de terra onde, em 1973, foi inaugurado o Centro Médico de Campinas. A empresa ergueu as paredes e equipou as repartições. Por tabela, o empreendimento incentivou a ocupação de uma região que se transformou numa das mais valorizadas da cidade.