MANUEL CARLOS

O casamento da cabra

29/10/2013 às 05:00.
Atualizado em 26/04/2022 às 07:27
Manuel Carlos - correior
 (Cedoc)

Manuel Carlos - correior (Cedoc)

Depois da privatização do pré-sal por quem disse em passado recente que isto seria um crime, só mesmo fazendo piada e contando fatos inusitados.Foi na cidade onde é servido o melhor camarão do Brasil que ocorreu o fato. Para chegar lá, o camarão sai de Santos bem pequeno, sete barbas talvez; passa por Itu e fica enorme; vem pra Campinas e fica rosa e fresco; depois chega a Jundiaí, onde adquire aquele enorme chifre.É lá que mora o talentoso jornalista Tote Nunes e provavelmente acompanhou de perto a história.Castaldo, um senhor de 74 anos, morador da região central de Jundiaí, viúvo, pai de sete filhos, uma neta e um bisneto, apaixonou-se por Carmelita, uma cabra de cinco anos de idade.É a segunda cabra que encantou o aposentado. Antes já havia pensado em se casar com Geroma, mas ela morreu. Talvez morasse na ONG do deputado Feliciano Filho.Para Castaldo, a noiva só merece elogios: “Não reclama de nada, não vai ao shopping, não usa cartão de crédito e não fica grávida".Concordo com ele, seria perfeito se ela não fosse uma cabra. Por essa razão, quando anunciou seu casamento, que ocorreria no último dia 14, o fato foi levado ao conhecimento do Ministério Público e uma viatura da Polícia Militar Rural, vinda de Americana, esteve na porta do Aldeia Bar, o que acabou com a festa que ainda não havia começado.O soldado Natanael, da PM Rural, disse que em seus trinta anos de carreira nunca havia visto um caso como este, mas que, em sua opinião o casamento era lícito: “Nós viemos apurar um caso de maus-tratos a animais, mas não poderíamos fazer nada caso o homem estivesse apenas se casando com a cabra, sem que houvesse flagrante de maus tratos”, contou.Mesmo porque, segundo o policial, a competência de afirmar a existência de maus-tratos é do médico veterinário, talvez o Benassi, que não estava presente.Outro que saiu em defesa de Castaldo e de Carmelita foi o delegado Marcel Fehr, titular da DIG de Jundiaí e disse: “Para a polícia agir teria de ser configurada uma denúncia de maus-tratos por meio de entidades de Zoonoses, Vigilância Sanitária ou entidades protetoras de animais. Vê-se a prática de zoofilia livremente em filmes por aí. Não sei se será crime não havendo maus-tratos”.Castaldo continua planejando uma noite de núpcias com Carmelita, mas não fala, nem sob tortura, como será a intimidade do casal.O vestido da noiva está pronto, mas Carmelita já comeu o véu quando estava em um programa de televisão.O bispo e cineasta Toninho do Diabo aguarda nova data para realizar o casório e a festa, com apresentações de bandas de rock e muito regabofe.Meu único receio depois dessa história maluca é que a presidente Dilma repita o vexame que deu no Dia das Crianças, e no Dia do Idoso resolva improvisar dizendo: “Principalmente porque, se hoje é o Dia do Idoso, ontem eu disse que idoso... o Dia do Idoso é dia do filho, do neto, mas também dos animais. Sempre que você olha um idoso, há sempre uma figura oculta, que é uma cabra atrás, o que é algo muito importante”.

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