ZEZA AMARAL

O Carnaval e a porta da rua

10/02/2013 às 05:00.
Atualizado em 26/04/2022 às 05:07

O Brasil da esbórnia soltou seu brado quando elegeu Renan Calheiros para presidente do Senado e Eduardo Alves, presidente da Câmara Federal.

Tem uma rima aí que não soluciona nada; pelo contrário, complica a alma da nação: e vamos pelas rimas da corrupção e formação de quadrilha — a fazer os tristes versos da nação, assim em minúsculas, assim sem forças, sem condições de reagir a um estupro constitucional.

E nunca as margens do Ipiranga serão as mesmas que carregamos nas raízes de nossos pelos.

Eleitos seus presidentes (e os seus vices: e isso é outra coisa muito séria), Senado e Câmara, após um recesso além de mensal, liberaram seus parlamentares para pular o Carnaval onde e do jeito que quiserem.

Cerca de 2 mil medidas provisórias esperam solução e os nossos congressistas estão atrás de abadás e pensando nos melhores cremes para a pele e na melhor tintura para o cabelo. O Orçamento do País, que deveria ter sido aprovado no ano passado, vai ter que esperar até o próximo dia 19, já em dia de quaresma, de sofrimento religioso, e sabe-se lá o que vai acontecer com as burras do governo.

Renan Calheiros, presidente do Senado, e Eduardo Alves, presidente da Câmara, somam processos que correm na Justiça e fico pensando se aí não houve uma armação política do PT, já que os respectivos vices das duas Casas são os petistas Jorge Viana e André Vargas.

Sem conspiração, Renan Calheiros e Eduardo Alves afastados (ambos do PMDB) por decisão judiciária quem assume seus postos são os petistas Viana e Vargas. É o creme que o petismo deseja para o ex-presidente Lula da Silva voltar à cena política como o salvador da pátria; ou, de quebra, enquadrar as pretensões da presidente Dilma Rousseff que, ao que tudo indica, está gostando de morar no Palácio do Planalto e nem pensa em voltar aos pagos gaúchos e muito menos fincar residência nos contrafortes da Mantiqueira.

José Dirceu, o bandido que foi condenado pelo STF por chefiar uma quadrilha de larápios parlamentares, ainda é tratado por boa parte do jornalismo dito “pragmático” como “um injustiçado” e vem movendo suas lenhas para comandar o Conselho de Ética da Câmara para assim salvar a sua capivara política e também os mandatos dos bandidos-deputados José Genoíno (PT), Waldemar Costa Neto (PR), João Paulo Cunha (PT) e Pedro Henry (PP).

Até dias atrás, o deputado Eduardo Alves, o tal presidente da Câmara e o terceiro na sucessão presidencial, afirmava que o STF não mandava nos mandatos dos parlamentares.

Eleito presidente da Casa, mudou o discurso radicalmente após o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, deixar claro que todo aquele discurso era bravata inconstitucional, e afirmou que irá cumprir a decisão do STF. Agora só falta o deputado-presidente Eduardo Alves mandar o embaixador da Venezuela calar a boca e parar de se meter nos assuntos internos do Brasil (ele esteve apoiando José Dirceu em um ato contra o STF) — e fazer isso sem pedir permissão ao seu chefe, Lula da Silva, aquele que é e continua sendo o rei da cocada preta nos churrascos em Brasília. Ou isso, ou ele aproveita a porta da rua que, como nossos pais diziam, é a serventia da casa.

Bom dia.

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