JULIANNE CERASOLI

O cara e a cara da F-1

Julianne Cerasoli
24/03/2013 às 15:45.
Atualizado em 25/04/2022 às 23:30

Em qualquer lista de melhores do grid, ele é figurinha fácil. Há anos. A consistência é a principal arma de Fernando Alonso, tanto dentro quanto fora da pista. No carro, poucos conseguem virar tempos de volta tão parecidos durante uma corrida, ser tão preciso em momentos-chave como a largada e enxergar a estratégia como se estivesse assistindo à prova no sofá da sala.

Longe do cockpit, o espanhol não descansa: é conhecido pela politicagem intensa dentro da equipe para garantir os privilégios merecidos pelo trabalho na pista e pela forma habilidosa como lida com a imprensa. É impressionante como adapta seu discurso falando em inglês, espanhol ou italiano, dependendo do efeito que quer causar no público em geral, em seu país e na nação de sua equipe.

Nem mesmo o envolvimento em polêmicas como a troca de informações sigilosas da Ferrari quando estava na McLaren ou a armação do resultado do GP de Cingapura tiram a empáfia do espanhol. Mas isso não significa que Alonso é inatingível: o piloto, que completa 200 GPs neste final de semana, mostra dificuldade em lidar com a seca de títulos desde 2006 e com qualquer sugestão de inferioridade em relação ao companheiro — seja quem for.

Foi o próprio bicampeão que fechou suas portas fora da Ferrari. Na McLaren, entrou em conflito com o chefe Ron Dennis e rompeu o contrato com dois anos por cumprir. Em 2008, chegou a negociar com a Red Bull, mas desistiu por não chegar a um acordo em relação aos compromissos extra-GP. Agora, resta trabalhar dobrado e ter uma bela dose de paciência para que a Scuderia se reorganize e volte a conquistar títulos depois de cinco anos. O início de 2013 é promissor, mas não esconde anos de frustração para o espanhol desde que deixou a Renault. Por essas e outras, sente a necessidade de constante reafirmação de suas qualidades como piloto.

Não é difícil de entender, portanto, sua incapacidade em elogiar os companheiros — quando é superado, claro. Questionado sobre a terceira luta seguida perdida em classificação para Felipe Massa, no último GP, na Austrália — algo que não lhe acontecia desde 2007, com Lewis Hamilton — Alonso foi irônico. “Normalmente, terminamos o ano com 17 x 3 ou 17 x 2 e espero que, se estiver na frente nas próximas 17 vezes, repita a mesma pergunta.”

Com sua competitividade feroz e capacidade de fazer tudo pela vitória sem qualquer constrangimento, Alonso é uma espécie de personificação da Fórmula 1. Pode amá-lo ou odiá-lo à vontade, o importante para ele é sair ganhando.

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