Coluna publicada na edição de 19/9/19 do Correio Popular
Inativo há dez anos e esquecido por Campinas há muito mais tempo, o campo da Mogiana voltou a ser assunto nos últimos dias, depois que o governo do Estado propôs a venda da área. É evidente que um estádio de quase 80 anos tem importância histórica e merece ser preservado. Mas achei desproporcional a reação de vários setores da cidade à proposta do governo. Os mesmos setores que consideram a venda um absurdo nada fizeram para mudar o cenário de abandono que toma conta do local há anos. Enquanto as autoridades buscam uma solução para o problema, acho mais prático pensar que utilidade o campo pode ter nos dias de hoje. Como se trata de um estádio de futebol que já foi palco de dez Dérbis entre 1941 e 1950, me parece lógico que Guarani e Ponte Preta estejam envolvidos em qualquer projeto de recuperação. Com um pouquinho de boa vontade e organização, é possível transformar o simpático estádio em uma segunda casa de pontepretanos e bugrinos. Times das categorias de base do Guarani mandam seus jogos do Paulista em Morungaba, a 42 quilômetros de Campinas. Times das categorias de base da Ponte Preta mandam seus jogos do Paulista em Águas de Lindoia, a 93 quilômetros de Campinas. O time feminino da Ponte Preta é representado por um parceiro que joga em São José do Rio Preto, a 550 quilômetros de Campinas. As pessoas que estão envolvidas na busca de uma solução para o campo da Mogiana devem levar essas informações em consideração. Todos sairiam ganhando se essas equipes pudessem jogar em Campinas, em um estádio tão bem localizado como o da Mogiana. Para os campineiros que gostam de futebol, ter a opção de ver os garotos da base em ação no final de semana seria um programa agradável. O mesmo vale para a equipe feminina da Macaca, que atualmente não tem nenhuma identidade com o clube e com a torcida. Para os garotos, a mudança também seria muito bem-vinda. Jogar com público, ainda que pequeno, é muito melhor do que se apresentar para arquibancadas vazias. Além disso, essa proximidade com a torcida teria o poder de criar uma identidade entre os garotos e o clube. Quem chegou a ver futebol no estádio com “preliminar dos juniores” sabe do que estou falando. O projeto de vender o campo da Mogiana não tem nada de absurdo. É uma área que está largada, pode render um bom dinheiro para o Estado e gerar qualquer tipo de atividade em uma área muito bem localizada. Mas também é possível fazer com que o estádio renasça e volte a ser palco de jogos de futebol.